Pensar em prevenção a doenças sexualmente transmissíveis na infância é muito difícil, mas extremamente necessário! E essa prevenção deve ser realizada ANTES da iniciação sexual.
No Brasil, as Pesquisas Nacionais de Saúde do Adolescente, nas versões de 2009 e de 2012, observaram que respectivamente 28,7% dos estudantes do nono ano do ensino fundamental (13-15 anos) já tinham iniciado a vida sexual.
O HPV (sigla em inglês para papilomavírus humano) é sexualmente transmissível. Ele é o grande responsável pelo câncer de colo de útero.
HPV é um conjunto de vírus que podem infectar a pele e a mucosa de algumas partes do corpo feminino e masculino, como vulva, vagina, colo do útero, pênis e região perianal.
Segundo a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), há mais de 200 tipos de HPV, sendo que cerca de 40 são capazes de infectar o trato genital de homens e mulheres, e 13 são considerados oncogênicos — ou seja, com altas chances de desenvolver infecções constantes e capacidade de causar câncer.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer do colo do útero é a principal causa de morte entre mulheres na América Latina e no Caribe. Apesar de ser altamente evitável, a doença mata 35,7 mil mulheres a cada ano nas Américas.
Dois tipos de HPV, 16 e 18, são responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais e lesões cervicais pré-cancerosas.
Já os tipos 6 e 11, apesar de não oncogênicos, aparecem em 90% das lesões (como papilomas laríngeos e condilomas genitais).
Nem sempre o HPV causará verrugas e lesões. Por isso, sem sintomas, o vírus pode ser transmitido ao parceiro sexual sem que nenhum dos dois saiba previamente da infecção.
Um estudo publicado na revista científica The Lancet, que apontou queda de quase 90% nos casos de câncer de colo de útero entre vacinadas contra HPV.
Existem duas vacinas HPV atualmente licenciadas no Brasil:
• Quadrivalente – HPV4 (contendo os tipos 6, 11, 16, 18) – Fabricada pelo laboratório MSD. Faz parte do calendário do Programa Nacional de Imunizações Brasileiro (PNI) desde 2014
• Nonavalente – HPV9 (contendo os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52, 58). Fabricada pelo laboratório MSD. Disponibilizada no Brasil apenas na rede privada.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda o uso preferencial da vacina nonavalente, idealmente entre 9 e 14 anos.
No SUS, a vacina quadrivalente contra o HPV está disponível em dose única para meninas e meninos de 9 a 14 anos. Pessoas imunossuprimidas, como pacientes com HIV/aids, em tratamento oncológico e transplantados, também podem tomar a vacina gratuitamente. Esses pacientes precisam apresentar prescrição médica para a vacina.
Em clínicas particulares, a vacina nonavalente é disponibilizada para meninas e mulheres de 9 a 45 anos e meninos e homens de 9 a 26 anos.
A Comissão Nacional Especializada (CNE) em Vacinas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) sugere, neste momento, manter a recomendação do esquema de duas doses da vacina HPV (com intervalo de 6 a 12 meses entre as doses).
Além de vacinar, ainda é muito importante a conscientização do uso da CAMISINHA! Ela é uma velha conhecida da geração dos anos 80, mas pouco valorizada pelas novas gerações que não vivenciaram e era do HIV. Além de evitar uma gravidez indesejada, ela previne outras doenças sexualmente transmissíveis como Aids, Sífilis, Clamídia, Gonorréia, entre outras.
O diálogo aberto com nossos filhos, juntamente com as vacinas, salvam vidas!
Com carinho,Dra Ju