A França hospeda os Jogos Olímpicos de 2024, em julho, mas as cidades já vêm emendando uma série de eventos nos últimos meses: Festival de Cannes, Cannes Lions, fashion week masculina, o desfile de celebridades e atletas no “Vogue World: Paris” e, agora, a semana de alta-costura em Paris.
Nesta segunda-feira (24), as grifes Schiaparelli, Iris Van Herpen, Dior, Thom Browne e Giambattista Valli apresentaram as suas coleções de outono-inverno 25 para plateias repletas de famosos, incluindo brasileiras como Anitta e Gkay. Veja tudo o que rolou no primeiro dia de desfiles!
Dar asas à imaginação
Na Schiaparelli, Daniel Roseberry brinca com a ideia de renascer das cinzas ao trazer referências literais às asas de uma fênix, um pássaro da mitologia grega e que, portanto, resgata o clima de jogos olímpicos da Grécia Antiga.
Desfile da Schiaparelli na semana de alta-costura de Paris
Após a primeira modelo exibir as longas asas metalizadas, looks em tons de preto, cinza, vermelho, azul e dourado dominaram a passarela como se mostrassem o processo de combustão da ave até virar cinzas e renascer com volumosas penas.
Desfile da Schiaparelli na semana de alta-costura de Paris
Quadro vivo
Se restavam dúvidas de que moda é uma forma de arte, Iris Van Herpen as elucidou de maneira literal nesta temporada. Ela trocou a passarela por enormes telas de canvas texturizadas, onde suas modelos ficaram suspensas enquanto faziam dramáticas encenações. A designer holandesa, mais uma vez, explora sua paixão pela natureza, agora buscando inspiração no livro do cientista Ed Yong, “Um Mundo Imenso”. Ao invés de temas relacionados a águas e animais marinhos, nesta coleção ela dá movimento a algo estático, como esculturas, que ganham vida com as modelos em roupas (como sempre) arquitetônicas!
Apresentação de Iris Van Herpen, em Paris, tem modelos suspensas em quadros
Jogos Olímpicos da Antiguidade
A Dior também embarcou no clima esportivo para sua apresentação de alta-costura. Maria Grazia Chiuri resgata e atualizada os códigos emblemáticos do vestuário desportivo das mulheres na Grécia e na Roma Antiga: as inspirações ficam claras em vestidos brancos, com detalhes dourados e cintura império (que marcam a silhueta logo abaixo dos seios). As sandálias gladiadoras, as peças de ombro único, o bodies brilhantes e hot pants também deram o tom de atletismo à passarela armada no Museu de Rodin.
Desfile da Dior na semana de alta-costura de Paris
Do Olimpo à passarela
Thom Browne levou o termo “oversized” ao extremo ao abrir seu desfile com uma blazer ultravolumoso e desmembrado. Em sua coleção, as referências à Antiguidade também estavam por todos os lados: calçados com amarrações e solados que lembram chuteiras, roupas com mais tecidos rígidos como os uniformes de esgrima, as saias plissadas e camisas polo do tênis e as estampas com listras azul, vermelha e branca das bandeiras da França e Estados Unidos — lembrando que Browne é americano, mas sempre se apresenta em Paris.
Desfile de Thom Browne na semana de alta-costura de Paris
Outros detalhes que chamaram a atenção foram os looks com ilusão de ótica, como os vestidos com estampa biquíni e musculatura humana ou capa com desenho de um blazer. Todos os modelos carregavam um bastidor (moldura de madeira usada para técnicas de bordados) e exibiam um penteado que lembra as figuras representadas nas pinturas e esculturas gregas e, ao final, o casting cruzou a passarela em blazers de bronze, prata e dourado e subiu ao “pódio”.
Desfile de Thom Browne na semana de alta-costura de Paris
Eterna primavera
Giambattista Valli dá sequência à narrativa florida de suas coleções, misturando o exagero e o simples: modelos surgiram com rosto colorido, pétalas de flores aplicadas sobre o corpo e sapatilhas com os enormes laços (que lembram os modelos apresentados na alta-costura de Valentino, em 2023) combinadas com vestidos feitos com camadas e camadas de tule colorido.
Assim como o tecido, as saias de balonê também ganharam novo fôlego e apareceram marcando a cintura e comprimento dos vestidos com modelagem mais “enxuta”. Por fim, Valli foi na contramão do mood esportivo dos designers e seguiu sua tradição apresentando propostas de vestidos de noiva, agora com uma pegada futurista e distópica, com capuz, véus e golas geométricas.
Desfile de Giambattista Valli na semana de alta-costura de Paris