Relatório de Macrotendências “Inverno 25”, do Inova Moda Digital, no Conceito ‘Margens’ aponta os novos hubs culturais

A proposta dos consultores que trabalharam na pesquisa de Macrotendências Outono/Inverno 25 é somar a todos os momentos “micro alegrias, aqueles refúgios, um estado de espírito que esteja conectado com o que a gente está precisando, com o que estamos querendo daquele momento de uma lufada de ar juntamente com esse olhar do que é periférico e de novos hubs culturais. Vamos sair da beleza clássica e ver o que mais tem no nosso entorno”, frisa Angelica Coelho, consultora técnica do Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção do SENAI CETIQT e head de Moda Circular do Inova Moda Digital

Proponho a você, leitor, que ama e trabalha com moda, um mergulho na experimentação criativa. A experimentação livre, de ampliar o olhar para novos nichos, mapas e territórios. As minúcias. Olhar para o multicultural, para a crononormatividade. “Quebrar algumas barreiras etárias e misturar as pessoas pelos seus interesses e estilos de vida, como elas estão se sentindo, muito mais do que classificá-las etariamente. Estamos falando do autêntico, do genuíno, do que o consumidor está buscando com muita sede para sair desse ruído de muita coisa igual, muita coisa programada, muito publi, essa influência que tem perdido força, que foi construída há muito tempo atrás e essas métricas não estão mais engajando o consumidor, que fica cansado”, como pontua Angelica Coelho, consultora técnica do Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção do SENAI CETIQT e head de Moda Circular do Inova Moda Digital durante a apresentação do Conceito 3 batizado Margens do Relatório de Macrotendências Outono/Inverno 25 com o tema central “Impermanência.

Durante a pesquisa realizada pelo consultores do projeto Inova Moda Digital (IMD), uma parceria entre o SENAI CETIQT e o Sebrae Nacional, foi realizada uma imersão nos cenários que vêm sendo desenhados nos âmbitos sociais, econômicos, tecnológicos e relacionados ao meio ambiente, decodificando realidades e lançando luz ao futuro no que diz respeito aos desafios da moda e consumo. Participaram ainda dos estudos Rafael Lemos, consultor de Fashion Design do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e de Confecção da Paraíba e integrante da equipe de pesquisa do IMD e Cléber Lima, do SENAI Pernambuco, consultor em design de moda e especialista em pesquisa de tendências e responsável pela Inteligência de Produtos do IMD. Os profissionais também atuam nas empresas da cadeia de moda, têxtil e de confecção de forma transversal, com foco no aumento da competitividade e melhoria do desempenho dos profissionais e negócios do setor moda, a partir das conexões entre os atores da cadeia produtiva.

LANÇAR OLHAR PARA OS SEGUINTES TÓPICOS:

EXPERIMENTAÇÃO CRIATIVA

MULTICULTURAL/CRONONORMATIVIDADE/AUTÊNTICO/GENUÍNO

MICRO ALEGRIAS/ESTADO DE ESPÍRITO/PERIFÉRICO/NOVOS HUBS CULTURAIS

A proposta dos consultores que trabalharam na pesquisa de Macrotendências Outono/Inverno 25 é somar a todos os momentos “micro alegrias, aqueles refúgios, um estado de espírito que esteja conectado com o que a gente está precisando, com o que estamos querendo daquele momento de uma lufada de ar juntamente com esse olhar do que é periférico e de novos hubs culturais. Vamos sair da beleza clássica e ver o que mais tem no nosso entorno”, frisa Angelica Coelho.

Aqui cabe o exemplo da Dove, que trabalha há mais de 20 anos com o tópico da beleza real. Ela usa a Inteligêcia Artificial e traz um asset para que você coloque no prompt da sua IA. “Crie a imagem da mulher mais bonita do mundo”, “Eu queria uma imagem de uma pele perfeita”. Você coloca Dove Beleza Real e ela dá acesso a todas as campanhas feitas pela marca há mais de 20 anos para ensinar essa Inteligência que a diversidade é a maior fonte de beleza que tem para falar com o consumidor.

É importante ter marcas como a Dove tentando traduzir isso, esse impacto real e essa leitura um pouco mais humanizada que a IA vai conseguir trabalhar. Se a Dove não faz um trabalho como esse, as pessoas podem projetar uma visão para futuro muito mais excludente do que inclusiva. Por exemplo, se falarmos do fim do mundo hoje e a sociedade que virá depois for descobrir através de Inteligência Artificial como éramos, se ninguém está trabalhando essa realidade o que nos restará é a ilusão de que as mulheres eram sempre perfeitas, brancas, louras, com a pele linda etc. É importante a realidade ser alimentada também – Rafael Lemos

A consultora técnica do Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de Confecção do SENAI CETIQT e head de Moda Circular do Inova Moda Digital aponta para as micro alegrias, esses momentos de escape, de relaxamento, de conforto e diversão que a gente tanto preza e de que tanto precisa durante o dia a dia. “Os consumidores vêm buscando marcas que considerem promover esses momentos de autoconsciência para celebrar as pequenas conquistas do nosso dia a dia. São pequenas conquistas traçando novos marcos de sucesso para nossa vida e pequenos momentos de felicidade. Imagina o que uma marca precisava fazer, já que esses momentos de alegria são tão pessoais, tão individualizados. Imagina uma marca que conseguisse traduzir esse calorzinho no coração de uma forma imediata. Estamos falando da Les Mains de Mamie, marca francesa de tricô premium que tem duas linhas de produção: pode-se entrar no site deles e comprar o produto pronto ou customizar numa personalização programada dentro de alguns modelos disponíveis”, esclarece Angelica Coelho.

O grande propósito dessa marca é que todo produto é feito para um público jovem, mas é feito por mãos de avós: “Essa rede de avós tem como propósito a preservação desses saberes manuais, dessas técnicas. E une isso ao isolamento etário, porque temos uma linha de pensamento e de vivência em que, quanto mais idade você tem, mais distância de determinados movimentos do mundo, por N fatores, pode acontecer. Não é uma regra mas acaba acontecendo por choques geracionais, por mobilidades e, inclusive, por muito preconceito. Eles chamam essa rede de ‘gangue das avós’. Você começa a reconstruir, através da proposta de valor da marca, laços intergeracionais através desses pontos de tricô. Já é um ponto de afeto e, quando sabemos que a peça foi costurada pelas mãozinhas de uma avó, ficamos com aquele calorzinho imediato no coração”.

Um outro momento é o da evolução das pop ups. As pop ups já são um veículo de ativação de marca na indústria da moda muito conhecido. A gente sempre tem uma inovação mas começa a entender outros pontos de partida pensando na exploração dessas experiência, pensando em outros pontos focais da marca. É o que a Prada fez na Harrod’s em Londres inaugurando o Prada Café. Ele é todo inspirado na primeira loja da Prada na Galleria Vittorio Emanuele II, na Itália, e construiu esse espacinho de refúgio para que você tome um café, coma um docinho super gostoso, um momento de relaxamento mas todo ambientado dentro da ativação da marca Prada. É um pedacinho da Itália em Londres.

Você consegue pensar em novos olhares utilizando como elemento-chave outros fatores e outros valores que não foram tão trabalhados até agora na marca. E olhar para esses valores vem trazendo uma nova estratégia também para esses negócios, para a gente voltar a olhar para o marketing de marca e olhar para experiências e influências que a nossa marca pode trazer para o mundo. É o que a gente toma emprestado do conceito de soft power. Soft power vem de relações internacionais, de relações políticas. Resumidamente é a capacidade que você tem de influência, de influenciar o outro através de suas ideias, cultura e valores – Angelica Coelho

Temos um dado de uma das pesquisas de consumo do Google: 82% dos consumidores dos Estados Unidos preferem empresas que se alinhem com seus valores. Dentro desses 82%, temos uma margem de três em cada dez consumidores que abandonam empresas, deixam de comprar em firmas em que já compravam a vida inteira porque se decepcionaram ou porque se afastaram dos valores pregados por elas. Isso é um ponto de oportunidade que podemos trabalhar pensando no ecossistema de onde viemos, de que território, de que comunidade, e explorar isso de forma genuína.

“Trazemos num exemplo bem brasileiro. Quando a gente fala da Farm, ela já trabalha uma estética culturalmente do Rio de Janeiro. E a marca fez uma collab com designer goiana, a Naya Violeta, que é uma afroempreendedora. Toda a moda dela permeia por esse imaginário, esse repertório de vivência da cultura negra, da diversidade num lugar de fala genuíno de vivência. Somadas essas duas marcas que já trabalham com valores, propósito e essa representatividade, a gente tem um match muito bacana onde a gente vê muito essa representatividade da Naya junto com essa cor cultural presente na estamparia da Farm”, exemplifica Angelica.

Invista, quando a gente está falando de pensar na potencialidade de atrair negócios a partir de experiências culturais, em propósito, valores, propriedade intelectual, muito na economia criativa como um motor de inovação. Olhe para a diversidade, valorize a vocação regional inspirando-se na preservação desses saberes, culturas e no imaginário do território. Mas isso de um lugar muito próprio – Angelica Coelho

CARTELA DE CORES – MARGENS

Cléber Lima, do SENAI Pernambuco, consultor em design de moda e especialista em pesquisa de tendências e responsável pela Inteligência de Produtos do IMDA relembra que a linha do tempo seguida a partir das Macretendências. O primeiro tema, Extremos lança luz sobre proteção em movimento, essa roupa que acompanha o viver. O segundo tema, Diálogos, começa a questionar um pouco dessas regras. E o terceiro, Margens,  libera tudo, “mas libera tudo com consciência”, pondera.

Então aqui eu tenho uma paleta de cores que traz um pouco dessa excitação, aquela excitação de quem está se envolvendo com algo novo, com uma experiência nova que você não sabe se vai ser completamente bom ou completamente ruim passar por aquilo. A gente traz essa vontade de caminhar por um lugar diferente para esses tons que, ao mesmo tempo que são adocicados, têm uma pitada ácida. Eles têm esse lugar de serem cores muito luminosas mas, ao mesmo tempo, com alguma coisa errada – Cléber Lima

O primeiro subtema é  Superfície Mágica. “Aqui são, literalmente, superfícies de produtos tratadas como telas. Eu tenho beneficiamentos que são tão importantes, tão diferentes que transformam modelagens muito simples em itens únicos. Uma redução de tempo de costura e de corte em prol de possibilitar que essa roupa seja uma grande tela dessa brincadeira, capacidade que eu tenho de trazer humor para o produto”. Segundo Cléber, “É uma noção meio que chutar a porta, só que de uma maneira muito divertida e muito colorida. A história se torna muito mais solar e muito mais alegre”.

O segundo tema é Uau. “É um produto extraordinário. Mas quando você vai olhar o balanço da empresa, você percebe que essa construção de produto diferente chama muita atenção para o portfolio de produtos da marca. A T-shirt, a bolsa, o sapato, eles acabam se tornando uma coisa muito anos 2000, mas que ainda tem força. Esses produtos Uau servem para trazer o cliente para os produtos de acesso”, diz Cléber.

Dominar o mercado hoje não é só trabalhar no seguro, é trazer para o cliente uma certa dose de surpresa, de susto, de imprevisível e até reforçar o valor da criatividade através do que eu ofereço para o meu consumidor – Cléber Lima

Já Efeitos Práticos são roupas funcionais que escondem ironias e revelam descompromisso sem abrir mão de um certo toque de fantasia adulta. “Eu defino como Efeitos Práticos, porque eu tenho modelagens muito usuais, produtos que a gente observa quase como itens básicos, mas que têm um efeito, seja na superfície, seja na combinação das estampas ou até na imagem que eu escolho tricotar no meu suéter. Eu tenho aquela faísca que faz com que você olhe para um produto e se lembre dele por algum tempo. Muito dessa experiência do cinema que é de criar uma experiência visual nova, marcante, com recursos muito simples. É uma abordagem transicional também, vocês percebem que são modelagens muito de meia estação, considerando direcionamentos que prezam pelo Brasil todo. O inverno de Caruaru não é igual ao inverno em São Paulo. Aqui seria uma abordagem que traria esse desejo de diversão, um produto acidamente criativo, mas usual para temperaturas não tão frias para um consumidor que quer algo muito mais simples mas, ao mesmo tempo, com muito efeito”.

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