Juan Paiva se firma como talento da sua geração, avalia desafios da paternidade e se vê em personagem de ‘Renascer”

Juan Paiva já pode ser considerado um dos maiores talentos da sua geração. O intérprete de João Pedro em ‘Renascer’, que entrou na trama das 21h da Globo na segunda fase, emociona de forma simples e profunda com suas composições. Seja no cinema, como Buchecha em ‘Nosso Sonho‘, maior bilheteria do ano passado; seja na sua estreia na telona no denso ‘M8 — Quando a morte socorre a vida‘; ou agora, no mesmo papel que Marcos Palmeira fez na primeira versão da novela, exibida em 1993: o de um filho que é um espelho do pai e acaba rejeitado por ele. Juan imprime um repertório de emoções muito específicas e plurais para cada personagem, fazendo até parecer que é fácil vivê-los, de tão natural que nos soa.

Com apenas 25 anos, o ator mistura em seus papeis suas experiências de vida – que não são poucas para a pouca idade – e o que absorve do mundo e o resultado vem nos atingindo em cheio. “Fico muito feliz com o reconhecimento, mas sinto que tenho um longo percurso aí para ser trilhado. O que a profissão me traz é a segurança, a financeira e a de autoestima também, porque trabalhar é muito bom, te dá esse lugar de confiança, sabe? E também poder ver minha família bem, podendo se alimentar bem, enquanto vou conquistando as minhas coisas. Como a casa que eu conquistei, graças a Deus, para dar um conforto para eles. Não é nada exuberante, nada demais, mas a gente já saiu de um lugar que era escasso. Saímos de um lugar que era delicado para viver, e agora poder chegar em casa e ter um espaço para fazer um churrasquinho com minha família, ter um chuveirinho para tomar um banho na varanda, isso para mim é interessante. Sou muito grato e quero continuar conquistando coisas pelo meu bem e pelo bem deles. Desde que comecei até hoje, eu sinto uma evolução bem positiva na minha vida, graças a Deus”, observa Juan, cria do Vidigal, onde mora até hoje com a família e a esposa Luana e a filha Analice, de 9 anos.

O ator Juan Paiva se firma como talento da sua geração e se prepara para brilhar em papel comovente em 'Renascer" (Foto: Márcio Farias)

O ator Juan Paiva se firma como talento da sua geração e se prepara para brilhar em papel comovente em ‘Renascer” (Foto: Márcio Farias)

Tendo o amadurecimento acelerado pelo nascimento da filha aos 16 anos, ele relembra os momentos sublimes e difíceis dessa jornada na paternidade. “O melhor foi minha filha ter vindo com saúde, né? Isso já foi maravilhoso. Ela poder me trazer uma responsabilidade, uma maturidade, um pensamento diferente, um olhar, uma escuta diferente para a vida. Entender que ela precisa de mim, que depende de mim, que eu não posso me permitir os vacilos, sabe? Agora eu tenho uma cabeça diferente e isso é demais. Me ajudou muito a entender um pouco mais sobre a vida, sobre ter uma pessoa para você cuidar, amar, ensinar e para aprender também com ela. Isso foi incrível! Tem sido, na verdade”. Juan completa sua reflexão:

O mais assustador de ter uma filha aos 16 anos, foi que eu ainda estava terminando os estudos e na dúvida do que ia acontecer com meu futuro, como seria essa criação, como seria como pai. Sempre bateram essas dúvidas que me assustavam. E como eu ia fazer para alimentá-la? Enfim, todas essas coisinhas também de cuidar, de comprar roupa, de como eu ia fazer isso, como eu ia resolver a vida. Mas meus pais e minha família foram fundamentais. A Luana, minha esposa, e a minha sogra também foram muito importantes para as coisas acontecerem da forma que vêm acontecendo- Juan Paiva

O ator Juan Paiva, a esposa Luana e a filha Analice (Reprodução/Instagram)

O ator Juan Paiva, a esposa Luana e a filha Analice (Reprodução/Instagram)

Juan também compartilha o tipo de pai que é aos 25 anos para Analice. “Dou liberdade, mas obviamente com limites. Procuro deixá-la ser da forma que é. E ter a segurança dela. Nos momentos de brincadeira, sou o brincalhão. Quero sempre oferecer essa leveza para minha casa e para ela também. Mas na hora que preciso falar sério, falo. Conversamos muito sobre as questões que ela me traz sobre a escola, bullying, racismo, enfim, a gente troca bastante e eu vou mostrando referências do que pode ser interessante para ela na vida. Só que faço questão de dar essa liberdade para minha filha poder se construir e percebo que ela vem tendo essa independência. Analice tem uma força!”, derrete-se.

"A profissão me traz é a segurança, a financeira e a de autoestima, porque trabalhar é muito bom, te dá esse lugar de confiança, sabe? E também poder ver minha família bem" (Foto: Marcio Farias)

“A profissão me traz é a segurança, a financeira e a de autoestima, porque trabalhar é muito bom” (Foto: Marcio Farias)

“Na escola, a professora diz que ela se comporta como uma líder e respeita todos os colegas de turma, que também param para ouvir o que tem a dizer. Estamos em um caminho interessante. Minha filha tem que ser uma mulher empoderada, uma mulher que só precise dela. Não que ela não deva precisar de outras pessoas ou quando tiver suas relações afetivas, não precise do parceiro ou da parceira. Mas que tenha o entendimento que precisa se cuidar, ter essa segurança, essa cabeça boa com ela mesma antes de ter algo com qualquer pessoa”.

Quero que minha filha seja uma mulher independente, forte, que entenda que o mundo trata as mulheres de um jeito que muitas vezes é injusto. Que busque esse espaço, esse lugar, e possa inspirar outras pessoas também. Ela está crescendo e vem trazendo questões, dúvidas, e eu e Luana sempre tentamos entregar e mostrar o melhor para que possa construir sua identidade – Juan Paiva

"Sou grato e quero continuar conquistando coisas pelo meu bem e pelo da minha família. Desde que comecei até hoje, eu sinto uma evolução bem positiva na minha vida" (Foto: Marcio Farias)

“Sou grato e quero continuar conquistando coisas pelo meu bem e pelo da minha família. Desde que comecei até hoje, eu sinto uma evolução bem positiva na minha vida” (Foto: Marcio Farias)

Casado com sua namorada da escola, Luana Souza, 26, desde os 16 anos, quando tiveram Analice, o ator evidencia que amor é escolha diária, em qualquer idade. “A Luana é uma ótima parceira. Estamos juntos há nove anos e sentindo a relação como sempre foi. A gente conversa bastante. Admiro muito a força que ela tem, a mulher que é, e a pessoa que vem se tornando. É guerreira, a Luana é uma mulher por quem eu tenho muita admiração e respeito”. E revela: “No momento ainda não estamos pensando em ter mais filhos”.

Renascer

Se na vida Juan Paiva é um pai dedicado, atento e amoroso, seu João Pedro em ‘Renascer’ sofre com a indiferença do pai, José Inocêncio (Marcos Palmeira). O personagem é um homem forte, simples e trabalhador, repelido pelo rei do cacau, que sempre o lembra de que a mãe, Maria Santa (Duda Santos), morreu quando dava luz a ele. Apesar das diferenças de biografia, o ator tem muito em comum no que diz respeito à essência em relação ao personagem. “Sou tímido como o João Pedro, me abro com as pessoas que eu gosto. Sou de me abrir, mesmo, de me sentir à vontade, com quem eu conheço, pessoas que me trazem uma energia positiva. E sou mais reservado com quem não conheço, mas acho que isso é natural, eu não gosto de forçar as coisas. Gosto que as relações aconteçam de forma natural, isso faz parte de mim. Me identifico também com o João Pedro na questão de trabalho e de se dedicar à família, de ser esse cara que se apaixona, que ama, que acredita no amor, por mais que tenha suas frustrações e quedas. A vontade de trabalhar, a força que ele tem e a disposição são características que fazem parte de mim também”, analisa.

"Sou tímido, mais fechado para quem não conheço, como o João Pedro. Me abro com as pessoas que eu gosto" (Foto: Marcio Farias)

“Sou tímido, mais fechado para quem não conheço, como o João Pedro. Me abro com as pessoas que eu gosto” (Foto: Marcio Farias)

Juan aproveita ainda para exaltar a parceria com Marcos Palmeira, que fez o mesmo personagem que ele na primeira versão e agora faz seu pai, Zé Inocêncio. “O Marquinhos é muito gente boa, um cara por quem tenho total respeito pelo trabalho e pela pessoa. A gente vem tendo algumas conversas sobre o que ele viveu na primeira versão e sobre as diferenças para hoje. A forma de plantar o cacau e o processo de fermentação, de secagem até o momento de venda, por exemplo, atualmente está muito mais avançado, tem uma tecnologia que é diferente daquela época. As coisas evoluíram”, diz o ator, intérprete do único filho que ajuda o protagonista das 21h a lidar com a terra.

Marcos Palmeira e Juan Paiva são pai e filho em 'Renascer' (Foto: Divulgação/Globo)

Marcos Palmeira e Juan Paiva são pai e filho em ‘Renascer’ (Foto: Divulgação/Globo)

O jovem ator também revela curiosidades dessa conexão entre eles. “Teve um dia que o Marquinhos ia gravar e eu estava de folga, e ele me convidou para ir até uma das fazendas que estávamos estudando e me apresentou a história de um homem, de um fazendeiro que é uma inspiração para ele viver o José Inocêncio. Hoje, a família dele é parecida com a do Zé Inocêncio e ele tem uma filha que é parecida com o João Pedro na questão de trabalho, de se dedicar à agrofloresta, à plantação de cacau, à venda. O Marquinhos também me deu um livro dele para ler, que é muito importante para conhecer um pouco mais desse universo da agrofloresta, da cabruca, enfim… Então, a gente tem esse tipo de troca que me dá conteúdo, me abastece. Ele também me fala da forma que construiu o João Pedro na época, como aconteceu”. E completa:

Quando estávamos em Ilhéus, o trajeto era sair do hotel e ir para a fazenda, e o Marquinhos Palmeira e o seu Jackson Antunes iam contando um pouco das histórias do que eles viveram. Eles perceberam o quanto a cidade mudou e eu fui pescando, escutando pra saber o que pode servir para o João Pedro que eu venho construindo. Então, eles e a galera com quem a gente vem trabalhando são fundamentais para essa construção desse personagem que vocês vão ver na segunda fase – Juan Paiva

"A vontade de trabalhar, a força que ele tem e a disposição são características que fazem parte de mim também" (Foto: Marcio Farias)

“A vontade de trabalhar, a força que ele tem e a disposição são características que fazem parte de mim também” (Foto: Marcio Farias)

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