Giorgio Armani faz 90 anos: veja curiosidades e o impacto do estilista para a moda

Um dos mais lendários costureiros da história da moda faz aniversário nesta quinta-feira (11): Giorgio Armani completa 90 anos com muita conquista a celebrar.

Italiano nascido em 1934 em Placência, uma comuna com quase 100 mil habitantes, Armani se desdobrou em outras áreas antes de sua alfaiataria impecável e vestidos brilhantes ganharem as passarelas e vitrines pelo mundo. A trama que forma sua trajetória de mais de 50 anos é carregada de altos e baixos, curiosidades e feitos que o tornam uma potência na indústria fashion até hoje.

Quem é Giorgio Armani?

Quem estava caminhando por Placência lá na década de 1940 e adquiriu uma boneca de barro, pode ter uma valiosa relíquia. Esse foi o primeiro passo do jovem Giorgio nas artes, antes de ingressar na faculdade de medicina, aos 16 anos. Três anos depois, no entanto, ele abandonou os estudos para servir ao exército italiano.

Armani percebeu que o campo de guerra não era para ele e arrumou um emprego como vitrinista em uma loja de departamento de Milão. O trabalho lhe rendeu sua primeira oportunidade como designer na etiqueta de Nino Cerruti.

Com uma década de aprendizado no ateliê, Armani vendeu seu carro e co-fundou sua grife homônima em 1981 com o amigo e arquiteto Sergio Galeotti, que morreu quatro anos depois devido a um ataque cardíaco. De lá pra cá, a empresa expandiu para setores além da moda, assim como sua conta bancária também cresceu.

Diane Keaton, no Oscar de 1978, foi a primeira celebridade a usar um look de Armani em um evento — Foto: ABC Photo Archives/Disney General Entertainment Content via Getty Images

Diane Keaton, no Oscar de 1978, foi a primeira celebridade a usar um look de Armani em um evento — Foto: ABC Photo Archives/Disney General Entertainment Content via Getty Images

O valor de sua fortuna, que mal cabe na tela de uma calculadora, é avaliado em US$ 11,9 bilhões. Ele segue como co-fundador da companhia, que possui 10 marcas, incluindo Giorgio Armani de ready-to-wear, alta-costura com a Armani Privé, a linha de beleza Armani Cosmetic e as etiquetas mais comerciais Emporio Armani e Armani Exchange.

O empresário também criou linhas de homewear (cama, mesa e banho) e se aventurou no universo hoteleiro com dois empreendimentos de luxo em Milão e Dubai.

Relevância na moda

Mais do que criar looks icônicos, Armani revolucionou o modo como a alta sociedade se vestia, criou uma narrativa que despertou desejo nas pessoas e firmou colaborações com grandes marcas e empresas. Laura Ferrazza, professor de história da moda, também credita seu sucesso ao fato de que o italiano “soube muito bem se vender”.

Tudo em todo lugar ao mesmo tempo? Armani é desses empresários que gosta de estar presente de uma ponta a outra do trabalho e é por isso que, mesmo no auge de seus 90 anos, se mantém como presidente, diretor executivo e diretor criativo da sua própria empresa. Este é um feito admirável (e raro) em tempos lucrativos para conglomerados como LVMH e Kering, detentoras de algumas das maiores etiquetas do mundo, como Dior e Gucci, respectivamente.

A docente afirma que, por não criar uma moda datada e não apenas surfar na onda de outras tendências, ele “faz com que a marca perdure no mercado e na nossa mente como algo estável, que sempre vai carregar esse caráter elegante”.

Últimas coleções de Giorgio Armani na Semana de Moda Masculina de Milão — Foto: Reuters

Últimas coleções de Giorgio Armani na Semana de Moda Masculina de Milão — Foto: Reuters

Entre as peças atemporais da etiqueta está a alfaiataria fluida, minimalista e desconstruída. Mas vale destacar aqui que, diferentemente de Martin Margiela e Demna Gvasalia, que deixam costuras aparentes ou pontas soltas, Armani desconstrói as roupas sem deixar rastros. Ferrazza ainda conta que ele sempre teve o cuidado manter sua fórmula enquanto moderniza o look formal para perder o estilo “careta” e acompanhar o desejo do consumidor abastado de cada época.

A proposta não demorou a cair nas graças dos figurões de Hollywood nos anos 1980, mas também da geração yuppie (gíria em inglês para “jovem profissional urbano”), já que o mesmo blazer que poderia ser usado no trabalho durante o dia, também caía bem em um evento informal à noite.

O blazer “Upton” se tornou uma lucrativa invenção. O paletó é feito de lã, com caimento leve, possui um abotoamento duplo e silhueta “quadrada”, já que não acompanha as curvas do corpo.

Giorgio Armani revolucionou a moda ao criar a alfaiataria desconstruída e fluida, mas com acabamento impecável — Foto: Donato Sardella/Penske Media via Getty Images

Giorgio Armani revolucionou a moda ao criar a alfaiataria desconstruída e fluida, mas com acabamento impecável — Foto: Donato Sardella/Penske Media via Getty Images

Alfaiataria mais larga, drapeada com carinha de “desleixada”, mas precinho de ostentação: estaria o Sr. Armani dando sinais da estética quiet luxury já naquela época?

Foi nesse sentido que, em 1982, ele criou o “Power Suit”, alfaiataria feminina que se tornou símbolo de sucesso profissional. Apesar de negar que o look foi “criado como reflexo do feminismo”, como contou em entrevista ao Instituto Atlas Corps, o estilista disse ter focado nas necessidades da mulher:

“Tudo começou com meu desejo de desenvolver blazers simples e macios, com os quais a pessoa poderia se movimentar livremente. Com uma vida cada vez mais corrida, as mulheres precisavam de roupas tão confortáveis quanto as dos homens”.

Ferrazza resgata uma frase de Armani, que consta na autobiografia “Per Amore”, e analisa ainda que “através de um ar discreto, elegante e ao mesmo tempo moderno, ele queria, sim, mostrar esse empoderamento feminino”:

“Queria acabar com as roupas austeras, mantendo o aspecto ético. Eu pensava nas mulheres inteligentes e cosmopolitas com estas roupas. Eu gosto de moda que não se vê”, escreveu o costureiro.

Enquanto Gianni Versace despontou na moda fazendo uma ode gritante ao luxo extremo, Giorgio seguiu uma linha mais discreta… Exceto nas criações para a Armani Privé, com vestidos brilhantes e roupas de gala que, de acordo com a revista “WWD”, não saem por menos de R$ 220 mil!

Looks das coleções da Armani Privé e Giorgio Armani — Foto: Reuters

Looks das coleções da Armani Privé e Giorgio Armani — Foto: Reuters

Curiosidades sobre o designer

Além de ter se tornado uma referência para muitos designers que chegam, constantemente, na indústria, o aniversariante do dia coleciona muitas curiosidades e conquistas admiráveis, como mostram o infográfico a lista a seguir:

Giorgio Armani faz 90 anos: veja curiosidades e o legado do estilista para a moda — Foto: gshow

Giorgio Armani faz 90 anos: veja curiosidades e o legado do estilista para a moda — Foto: gshow

  • Em 1978, Diane Keaton recebeu o Oscar de Melhor Atriz por sua atuação no filme “Annie Hall”, de Woody Allen. Vestindo um conjunto de blazer alongado e saia plissada combinado com um lenço, ela foi a primeira celebridade a usar um look de Giorgio Armani em um evento.
  • Em 1980, o estilista criou o figurino para o filme “Gigolô Americano”, estrelado por um dos galãs da época, Richard Gere: “Isso o ajudou a vender sua imagem nos Estados Unidos, ganhando mercado consumidor”, detalha Ferrazza.
  • Se hoje vemos celebridades exibindo orgulhosamente seus looks de grife, isso se deve ao italiano. De acordo com a revista “W”, ele foi o primeiro designer a abordar celebridades para pedir que vestissem suas peças nos eventos: “No final dos anos 80, ele chegou a contratar a ex-colunista social Wanda McDaniel para ajudá-lo a criar uma relação com as estrelas”.
  • Em 1991, Armani criou as roupas das aeromoças para uma companhia aérea italiana. Mas essa não foi sua primeira experiência desenvolvendo uniformes: o estilista já havia desenvolvido as roupas da polícia e dos taxistas milaneses.
  • Ele também já vestiu – e veste – nomes poderosos como Julia Roberts, Jodie Foster, Charlize Theron, Beyoncé e, em 2006, criou o vestido e o terno para o casamento de Katie Holmes e Tom Cruise, que se separaram seis anos depois.
  • Também em 2006, em uma tentativa de combater os casos de anorexia na moda, Giorgio baniu de seus desfiles modelos com um índice de massa corporal inferior a 18.

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