Fubanga core: conheça a estética que se tornou ferramenta de empoderamento feminino

Roupas curtas, estampa de oncinha, mix de joias pesadas, tamancos, itens de couro e cores contrastantes são alguns dos elementos que compõem o visual “fubanga core”. O nome pode até ser recente, mas a estética não é tão nova assim: Bebel, personagem de Camila Pitanga na novela “Paraíso Tropical” (2007), está aí como prova.

O termo nasceu com viés pejorativo para descrever algo considerado brega ou cafona, mas se tornou uma bandeira em defesa do empoderamento feminino. Ele vem na contramão das já populares expressões “clean girl look” e “quiet luxury”: se nestes dois cenários, tudo é silencioso e minimalista, no “fubanga core”, tudo grita e é exuberante.

O que significa?

Mas, mais do que um jeito de se vestir, este “core” se tornou um estilo de vida. E o que foi criticado por uns, passou a ser abraçado por muitos outros. Esse é o caso da influenciadora Marcela Carrasco, que viralizou no TikTok ao se autodenominar uma “mulher fubanga”.

Quem visita suas redes sociais, se depara com produções compostas por calça capri, saltos altíssimos, corset com animal print, minissaia de renda, batom com efeito glossy e sombra carregada no brilho. Ao gshow, ela defendeu que, na moda, é “sempre sobre ter personalidade” e, ao contrário do que muita gente pensa, não está relacionada a um desleixo, mas a “uma grande celebração da imperfeição” e à quebra de padrões estéticos.

Influencer Marcela Carrasco, que se autodenomina uma “mulher fubanga”, defende a estética como uma “ferramenta de empoderamento feminino” — Foto: Reprodução/Instagram/@marcelaccarrasco

“É um descompromisso com aquela estética perfeita, é sobre mostrar que dá, sim, para ter personalidade, ser uma mulher inteligente e forte e ainda usar roupas curtas, ter seu toque, seja com [roupa] vermelha, de onça… É mais sobre como você se veste do que o que você veste. O ‘fubanga core’ é como uma resposta divertida e meio sarcástica para quem quer tudo perfeito”, explicou Marcela.

Contratendência

No ar em “Volta Por Cima” com a “fubanga core” da vez, Roxelle, Isadora Cruz falou ao “Saia Justa” sobre o uso do termo de maneira depreciativa.

“O termo associa a mulher a conotações machistas sobre sua aparência. Hoje, acredito que podemos considerar esse termo uma bandeira para todos os avanços e proporções que as nossas ideias, nossos movimentos e atitudes vêm tomando ao longo dos anos”.

Roxelle (Isadora Cruz) e Jin (Allan Jeon) em cena da novela "Volta por Cima" — Foto: TV Globo — Roxelle (Isadora Cruz) e Jin (Allan Jeon) em cena da novela “Volta por Cima” — Foto: TV Globo

Apesar de abordar o assunto com humor e uma boa pitada ironia em seus conteúdos de moda e beleza, Marcela lamenta que a expressão “fubanga” tenha se popularizado exatamente entre as mulheres e direcionada à elas, e ecoa as palavras de Isadora:

“Isso reflete muito como as mulheres ainda carregam esse peso cultural do que é ‘aceitável’ e ‘perfeito’ para a sociedade. E o termo confronta esse padrão de perfeição […] e de querer controlar as mulheres. O mais curioso de tudo é que essas críticas, na maioria das vezes, vêm de outras mulheres e é uma herança de machismo estrutural que nos ensina, desde cedo, a competir e a julgar umas às outras”.

Fubanga core: conheça a estética que se tornou ferramenta de empoderamento feminino — Foto: Reprodução/Instagram/@maluborgesm

Ainda assim, a influencer vê uma luz no fim do túnel, ao menos no que diz respeito a alguns preconceitos na moda. Ela acredita que estéticas como esta, que causam um certo estranhamento inicial, “estão sendo ressignificadas de forma inteligente, com humor, com muita parceria entre as mulheres e virando ferramentas para nós, mulheres, estarmos cada vez mais empoderadas”.

“Estamos aprendendo a rir um pouco desses absurdos, de cobranças e estamos virando o jogo a nosso favor, ainda mais as brasileiras!”

O ‘fubanga core’ na prática

Marcela Carrasco, que tem como algumas de suas musas a cantora Charli XCX e a influencer Julia Fox, resumiu no termo “uma mulher empoderada e que, ao mesmo tempo, é gostosa [risos].” E, para despertar a Roxelle ou Bebel que existe no seu guarda-roupa, aqui vão algumas dicas para se inspirar:

Mix de acessórios prata e dourado

Fubanga core: conheça a estética que se tornou ferramenta de empoderamento feminino — Foto: Reprodução/Instagram/@marcelaccarrasco/@itsnthabim

Peças com estampa animal print

Fubanga core: conheça a estética que se tornou ferramenta de empoderamento feminino — Foto: Reprodução/Instagram/@nathaliarbmedeiros/@marcelaccarrasco