O que é golden hour e quais são os benefícios da ‘hora mágica’ no pós-parto?

Não há nada melhor do que colo de mãe! E se dissermos que existe até comprovação científica para os seus benefícios?

Isso porque, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), estimular o contato pele a pele entre a mãe e o recém-nascido ajuda a reforçar o vínculo que começou na gestação e facilita na amamentação, além de trazer outras vantagens.

A prática é chamada de “golden hour” (ou “hora mágica) e, de acordo com Clery Bernardi Gallacci, pediatra e neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana, a recomendação é promover esse momento já nas primeiras horas de vida do bebê, quando ele ainda está no período de adaptação ao novo ambiente.

Golden hour: entenda o que é e quais os benefícios da 'hora mágica' no pós-parto — Foto: Pexels

Golden hour: entenda o que é e quais os benefícios da ‘hora mágica’ no pós-parto — Foto: Pexels

Mas o que acontece durante a golden hour?

Neste momento, o bebê fica acoplado na região mamária da mãe, em contato direto com a pele, onde ele vai ter os seus primeiros estímulos da sucção. Esse momento deve durar, no mínimo, 60 minutos para que haja uma estabilização fisiológica entre mãe e filho.

Esse conjunto de práticas inclui, por exemplo, o corte tardio do cordão umbilical, assim como o primeiro banho, e a regulagem da temperatura corporal do bebê. Entre as inúmeras vantagens, esses artifícios ajudam a:

  • Fortalecer o sistema imunológico;
  • Melhorar a pega correta na amamentação;
  • Diminuir o estresse da mãe e do recém-nascido;
  • Diminuir os riscos de mortalidade infantil.

Clery Bernardi Gallacci explica que essa melhora na imunidade está relacionada ao fato de o bebê estar recebendo o colostro, o leite inicial, mais espesso e rico em anticorpos e proteínas.

“Basta um pouquinho que o bebê suga, não precisa alimentá-lo, mas ele precisa sair do útero e começar a receber esse colostro em pequenas quantidades, pois o seu estômago é bem pequenininho. Muitas vezes, a mãe fala que o bebê chorou porque ‘nasceu com fome’. Não, ele chorou por um estímulo, não é de fome neste momento. [A golden hour] também é interessante do ponto de vista da microbiota materna, já que ela vai passá-la para o bebê e ajudá-lo a ter uma maior maturidade imunológica”.

Na prática!

A influencer Viih Tube é prova recente dos benefícios da golden hour. No começo de novembro, ela deu à luz seu segundo filho, Ravi, mas devido a complicações no pós-parto, seu momento pele a pele precisou esperar um pouquinho.

Viih teve uma complicação no útero, que não se contraiu corretamente após o parto – a chamada atonia uterina – e, por isso, precisou de uma transfusão de sangue e ficou na UTI por três dias. O menino também corria o risco de ficar na unidade de tratamento intensiva, quando a pediatra decidiu deixá-lo com a mãe por algumas horas. O resultado: assim que ficaram juntos, ambos mostraram melhoras no quadro de saúde!

O que acontece quando não se pode realizar a golden hour?

Gallacci afirma que a prática é, sim, muito benéfica, mas não há motivo para pânico. Assim como aconteceu com Viih Tube, existem casos em que a mãe ou o bebê não podem ter esse momento pele a pele logo na primeira hora por vários motivos.

“Seja porque teve um sangramento intenso, porque teve uma crise hipertensiva ou porque o bebê não pôde ficar junto com a mãe, devido a um desconforto, e precisou de uma assistência respiratória maior, como um suporte de ventiladores assistenciais, não quer dizer que essa mãe não vá amamentar. Se ela pode fazer a golden hour, lógico que ajuda e é um dos pontos para o sucesso da amamentação, mas eu gostaria de frisar que a amamentação passa por várias etapas.”

Golden hour: entenda o que é e quais os benefícios da 'hora mágica' no pós-parto — Foto: Freepik

Golden hour: entenda o que é e quais os benefícios da ‘hora mágica’ no pós-parto — Foto: Freepik

A médica explica que ambos “precisam estar em boas condições de saúde” para realizar a golden hour e relata que muitas mães ficam tristes por não conseguirem ter esse momento a sós com o filho. Mas ela destaca que não há apenas uma maneira de promover essa amamentação, que isso é um processo contínuo e a prioridade é o bem-estar dos dois.

“Conseguiu fazer a golden hour? Ótimo. Não conseguiu? Vamos continuar estimulando assim que esse bebê e mãe tiverem condições. Não é porque a gente posterga eventualmente essa primeira mamada, por questões de saúde, que vai comprometer a amamentação. Se o bebê foi para uma UTI, essa mãe deve ir até um banco de leite e fazer estímulos com bomba elétrica, ela vai manter sua produção. E, muitas vezes, a mãe precisa de cuidados intensivos e, depois, a gente começa a estimular e vai conseguir amamentar com muito sucesso também. […] A natureza é muito sábia”, tranquiliza a pediatra.

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