“Todo menino é um rei”. E Joaquim, filho de Viviane Araujo, a “rainha das rainhas” do carnaval, exerce bem seu papel, como manda a música. Cheio de simpatia em seu 1 ano e 8 meses, ele riu, dançou e se divertiu, enquanto acompanhava Vivi neste ensaio exclusivo para comemorar o Dia das Mães no gshow.
Para além dos palcos e da avenida, Viviane também virou referência em sua maternidade ao escolher o momento em que quis ser mãe e não medir esforços para realizar seu sonho.
Aos 47 anos, ela recorreu a uma ovodoação e à fertilização in vitro. Hoje, aos 49 anos, Vivi conta que tem vontade de ser mãe novamente, se emociona ao falar como Joaquim mudou sua vida – inclusive ao gerar a força, representada nas imagens e nas palavras a seguir – , e não faz rodeios ao responder sobre assuntos delicados. Veja o ensaio e a entrevista:
Viviane Araujo e Joaquim — Foto: Marcos Serra Lima/gshow
Vivi mãe = Vivi mais forte
Quando chegou para o que seria uma tarde inteira de entrevista e fotos com o gshow, Viviane tinha muitos detalhes para cuidar: beleza, roupas, poses, entrevista… Mas em nenhum momento ela “desligou” o modo mãe. “Eu gosto que Joaquim tenha uma rotina certinha. De acordar, ir à creche, ter o horário da mamadeira, ter o horário de dormir, tudo bonitinho”.
Viviane Araujo posa com pesos da The Black Gym — Foto: Marcos Serra Lima/gshow
Neste tempo que compartilhou com a equipe, por ter menos de dois anos, ele não comeu açúcar, não se distraiu com telas e, a toda hora, ia buscar a “mamãe”. Não chorou também, o que seria absolutamente normal para um bebê. Por outro lado, dançava, aplaudia e arrancava suspiros.
“Eu acordo, e a primeira coisa que eu penso é no Joaquim. Ele é a coisa mais importante da minha vida. Ele e minha família, lógico, mas ele me faz querer ser uma pessoa cada vez melhor.”
— Viviane Araujo
Viviane Araujo e Joaquim — Foto: Marcos Serra Lima/gshow
Ao falar de sua experiência como mãe, os olhos da rainha de bateria ficam marejados. Mas, ao mesmo tempo, não titubeia. Responde de pronto e admite que ser mãe é difícil. Conta que ficou mais medrosa e ansiosa e que, para não se esquecer dela mesma e defender sua criança, precisa ser forte.
“Na maternidade, você se divide, não tem jeito. No meu caso, tem minha vida, meu trabalho, tem o carnaval… Nunca pensei: ‘não vou desfilar porque vou estar grávida, não vou estar com o corpo que gostaria de estar’. A luta é difícil, mas, graças a Deus, posso ter uma rede de apoio me dando suporte. […] Eu sei que é difícil para muitas mulheres ter um tempo para se olhar, mas é muito importante. Acho que é isso, você tentar. Você não vai ser menos mãe por conta disso.”
O carnaval todo mundo sabe que é minha paixão, uma coisa que tá comigo desde a minha infância, nunca pensei em deixar para trás.”
— Viviane Araujo
Viviane Araujo — Foto: Marcos Serra Lima/gshow
“Não passou pela minha cabeça ‘vou mudar a Viviane que sempre fui por conta da maternidade’. Não. Eu mudo pensamentos, eu mudo outros valores, mas a Viviane que as pessoas conhecem é aquela que vai estar sempre ali.”
Ataques a Joaquim
Para além do esforço que uma mãe precisa fazer para não se deixar de lado quando uma criança nasce, para Viviane Araujo, a maternidade teve ainda um outro preço. Seguida por pelo menos 16 milhões de pessoas (isso só no Instagram), a fama não protegeu Joaquim de comentários maldosos na internet, em dezembro do ano passado. Pela primeira vez, Vivi comentou o assunto.
“Demorei para acreditar. ‘Não é possível que alguém foi falar do meu filho’. Na hora, sobe um negócio aqui dentro da gente, uma vontade de saber, de ir atrás e de berrar. Depois, você respira e eu falei: ‘ah, não vou dar importância para isso’. Mas é uma coisa que machuca a gente.”
“Fale de mim, fale qualquer coisa, como falam, sei que a gente não vai agradar todo mundo. Postei uma foto do meu filho feliz, na praia, aí vem um comentário desse. É doído. As pessoas estão loucas. A internet deixa as pessoas realmente muito doentes em relação a você achar que você tem direito de ferir as pessoas com qualquer coisa que seja. É triste.”
Meu marido até falou, ‘você tem que falar’. Mas eu não estava conseguindo pegar meu telefone e falar a respeito disso. Eu fiquei tão chocada, tão perplexa, que eu não consegui…”
— Viviane Araujo
Viviane Araujo e Joaquim — Foto: Marcos Serra Lima/gshow
Viviane também não deixa de se posicionar sobre outro assunto que entristece. Recentemente, uma das filhas da atriz Samara Felippo sofreu racismo na escola. Mãe de um menino negro, ela quer dar ferramentas de defesa para ele.
“Na hora que tiver que entrar nessa questão com o Joaquim, a gente vai ter que falar e expor da melhor forma possível e deixar muito claro para ele, para não se calar, para se defender, e que a gente vai estar ali para dar toda a orientação possível. (Evitar) Sofrer, não digo isso, mas que ele possa ter defesa.”
Viviane Araujo — Foto: Marcos Serra Lima/gshow
A força de Vivi está não só na hora de empoderar o filho, mas também na hora de pensar em aumentar a família, independentemente da idade ou do relógio biológico.
Em 2020, aos 45 anos, Viviane tentou engravidar naturalmente, mas soube que seria quase impossível, já que ela estava na pré-menopausa e, segundo seu médico, tinha 0,1% de chance de conseguir engravidar com um óvulo seu.
A solução encontrada para a gestação foi a ovodoação, e Joaquim é fruto da doação de um óvulo de outra mulher, que foi fertilizado com o material genético de Militão e implantado na atriz por fertilização in vitro. O casal tem outro embrião, e há conversas frequentes entre eles sobre o desejo de ter mais um filho. Só não sabem se vão usar o embrião ou vão adotar.
A gente tem muita vontade de ter mais um filho, de verdade, mas a gente pensa nessa questão de eu parar um pouco a minha vida pra ter um outro filho. A gente pensa também em adotar. Uma coisa que a gente conversa bastante, a questão de dar uma irmãzinha, principalmente, né? Guilherme também é doido por menina. […] É um desejo muito grande. A gente vai realizar isso, sim, se Deus quiser.”
— Viviane Araujo
“Sendo mãe na idade que fui, fui uma pessoa mais madura, mais consciente. Acho que foi muito em um momento perfeito. E foi tudo muito rápido quando conheci o Guilherme. Aquela paixão, aquele amor. Ele também pensava em casar, ter filho, sonhava sempre com isso também, então foi perfeito. Ele chegou na hora para realizar o meu sonho e o sonho dele”, diz.
Viviane Araujo e Joaquim — Foto: Marcos Serra Lima/gshow
Apesar da vontade de ter uma segunda criança, a “vida real” é uma questão: “Você ter mais um filho hoje em dia é muito difícil, é muito complicado. É tudo muito caro… É pesado mesmo”.
A realidade, no entanto, é gentil em outro aspecto. Diferente de muitas mulheres que vivem a maternidade solo, mesmo, muitas vezes sendo casadas, Vivi defende a importância da parceria com Guilherme Militão na criação de Joaquim.
No final deste mês, ela vai viajar para Portugal, onde se apresentará com a peça “A Toda Poderosa”. Essa será a primeira vez longe por vários dias de Joaquim, que ficará sob a responsabilidade do pai no Brasil. “Isso me dá uma segurança muito grande, de poder continuar fazendo meu trabalho e saber que meu filho está bem cuidado”.
Sobre sua relação com o marido, inclusive na intimidade, Vivi garante ser uma prioridade não se descuidar da manutenção dela.
“A mulher não pode esquecer que ela é mãe, mas tem uma vida. No começo é difícil, a gente realmente não quer saber (de intimidade). Você fica esquisita, no primeiro mês, segundo mês… Uma coisa que eu falo: ‘Passa’. A gente tem essa fase, puerpério, que é horrível, mas o meu passou. Foi tudo bem”.
Viviane Araujo e Joaquim — Foto: Marcos Serra Lima/gshow
Viviane Araujo como nunca, não como antes
Para Vivi, ela está na melhor versão de si mesma na idade que tem. Em junho do ano passado, quando começou a preparação para o carnaval de 2024, garante que buscava esse objetivo. Como resultado, foi muito elogiada por sua forma física durante a festa.
Sei que não vou ter a forma que eu tinha aos 20 anos, 30 anos, o corpo muda. Mas eu botei na minha cabeça que eu quero ser o melhor de mim naquele momento… Tá com pé de galinha, não sei o quê. Tudo bem, mas eu tô bem. É isso que eu busquei para mim.”
— Viviane Araujo
E com a maturidade que o tempo traz, ela lida também com a questão fisiológica da idade. Em entrevista ao Fantástico, ao anunciar sua gravidez, em 2022, ela revelou que estava na pré-menopausa (quando a mulher para de ovular) e que o fato de ter tomado hormônios anos atrás tinha acabado influenciando no aceleramento desse processo em seu corpo.
“Se eu tivesse mais esclarecimento, eu pensaria mais em não ter tomado esses hormônios que eu tomei. De repente, não afetaria mais a questão de eu não conseguir ovular mais.”
Mas o passado não volta apenas em reflexões e tem insistido em aparecer também em comentários nas redes sociais. “Não me afeta em nada. Não me abala em nada, de fato. Minha vida não muda em relação a nada disso. Tá tudo tranquilo”.
Viviane Araujo — Foto: Marcos Serra Lima/gshow
Quem será a Vivi do futuro?
Em seu momento de mais emoção nesta entrevista, Vivi respondeu a uma pergunta simples. Mas a maternidade deixa tudo muito complexo. Como ela quer que o Joaquim a veja?
Acho que eu quero que ele veja essa mãe que o quis muito, que o planejou muito. Quero que ele saiba que foi muito desejado, de fato. É só o que eu quero. Mas quero que ele me veja também desfilando na avenida: ‘olha lá, a mamãe’.”
— Viviane Araujo
Viviane Araujo e Joaquim — Foto: Marcos Serra Lima/gshow
50 anos na Avenida
Ao falar de futuro, parar não foi assunto. Festejar, sim. Confirmada nos desfiles tanto do Rio quanto de São Paulo em 2025, pelo Salgueiro e pela Mancha Verde, ela vai celebrar dois marcos na ocasião:
“Quero comemorar, quero estar junto com as pessoas que estiveram comigo em vários momentos importantes da minha vida, minha família, meus amigos, quero comemorar, porque realmente é uma data muito significativa. Quero fazer festona. Eu tenho pensado em algumas coisas, que, se tudo der certo, vou conseguir realizar ano que vem, para comemorar meus 50 anos e meus 30 anos de avenida.”
Viviane Araujo — Foto: Marcos Serra Lima/gshow
Em meio ao anúncio de mudanças no carnaval carioca, uma delas foi a chegada de três mulheres para a diretoria da Liesa, Liga Independente das Escolas de Samba. Uma delas é Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, como nova diretora de cultura.
“Fico muito feliz com a Evelyn lá, tem uma representatividade muito forte no carnaval, não só como rainha, mas no carnaval mesmo, no contexto do que representa nossa festa. Ela me representa bastante.”
E será que esse pode ser um caminho? “Nunca pensei, de fato, mas se tiver algum caminho, alguma oportunidade que me seja oferecida e apresentada para eu poder estar junto também, iria com o maior prazer”. Para uma mãe, nada é impossível.