Quem gosta de skincare costuma estar sempre atento às novidades — não à toa, nas redes sociais, a cada dia surge um novo produto ou uma forma diferente de cuidar da pele. Mas, para além dicas superficiais, a chegada de 2025 deve trazer algumas tendências mais profundas.
De acordo com o relatório Beauty Forward 2025, uma pesquisa internacional conduzida pela agência de tendências WGSN em parceria com especialistas da indústria cosmética, a busca por soluções mais eficazes, sustentáveis e tecnológicas será o foco central.
A busca por produtos personalizados, minimalistas e focados no equilíbrio natural da pele reflete uma mudança de comportamento: mais consciência e resultados de longo prazo.
Mas o que isso significa exatamente? Para entender que novidades são essas, o gshow conversou com a dermatologista Priscilla Sarlos, da clínica Les Peaux, sobre as seis principais tendências de skincare que prometem dominar o próximo ano. Confira!
1. Skincare com foco no microbioma
A saúde do microbioma da pele — conjunto de microrganismos que atuam como defesa natural — estará no centro das fórmulas.
“Esses microrganismos formam uma barreira protetora, regulando o pH da pele e prevenindo a proliferação de germes patogênicos. Em seu estado equilibrado, as bactérias benéficas, chamadas comensais, coabitam de forma harmônica com o corpo humano, sem causar prejuízos. No entanto, fatores como alimentação inadequada, estresse, uso excessivo de produtos agressivos ou de higiene inadequada podem alterar esse equilíbrio, permitindo a proliferação de bactérias e fungos prejudiciais, o que pode resultar em infecções e inflamações”, explica Priscilla.
Produtos com pré, pró e pós-bióticos ganharão espaço, pois equilibram a barreira cutânea e ajudam a combater acne, inflamações e sensibilidade.
“Juntos, esses componentes podem melhorar a resistência da pele a condições adversas e potencializar a recuperação de distúrbios cutâneos, como acne, rosácea e ressecamento. Assim, o conhecimento de produtos com prebióticos e probióticos tem sido considerado, por muitos médicos, uma forma eficaz de equilibrar o microbioma da pele, promovendo um efeito protetor e reparador contínuo”, ensina.
2. Inteligência artificial e personalização
A IA (Inteligência Artificial) será cada vez mais incorporada no setor de beleza. Ferramentas tecnológicas, como scanners e aplicativos, permitirão análises precisas da pele, indicando produtos e tratamentos personalizados de acordo com as necessidades individuais. De acordo com o relatório, 42% dos consumidores já buscam experiências mais personalizadas em skincare.
“A IA pode analisar grandes volumes de dados, como histórico médico, tipo de pele, condições dermatológicas específicas e até mesmo imagens de alta resolução da pele, identificando padrões e oferecendo recomendações personalizadas de cuidados.”
“Esse nível de personalização não só aumenta a eficácia dos tratamentos, como também oferece uma abordagem mais objetiva e orientada por dados, minimizando erros humanos e maximizando os resultados”, complementa a médica.
3. Skinimalismo: menos é mais!
O conceito de skinimalismo continuará forte em 2025. A tendência propõe rotinas minimalistas, com poucos produtos multifuncionais. Essa abordagem sustentável reduz o desperdício e previne a sobrecarga de ativos na pele. É uma forma de simplificar a rotina sem perder eficácia.
“Ao utilizar menos ativos, é possível observar com mais clareza a resposta da pele a cada produto, o que facilita identificar os produtos que realmente funcionam para você e, caso ocorra alguma reação adversa, identificar rapidamente a causa. Isso também reduz a possibilidade de irritações ou alergias, já que o uso excessivo de produtos e ingredientes pode sobrecarregar a pele e provocar sensibilidades”, opina.
4. Proteção contra poluição digital e ambiental
Além da proteção solar tradicional, produtos com foco em poluição digital — especialmente contra a luz azul de telas — e fatores ambientais terão destaque. Fórmulas com antioxidantes como niacinamida, vitamina C e extratos vegetais atuarão contra os danos oxidativos e o envelhecimento precoce.
“Estudos sugerem que a luz azul pode acelerar o envelhecimento precoce da pele ao estimular a produção de radicais livres, que promovem a oxidação celular e danificam as fibras de colágeno e elastina. Além disso, essa luz também afeta as células responsáveis pela pigmentação da pele, podendo agravar condições como o melasma e aumentar a hiperpigmentação”, alerta Priscilla.
Segundo a médica, para se proteger, é importante adotar algumas estratégias simples no dia a dia. Em primeiro lugar, reduza o tempo de exposição a telas e ajuste o brilho dos aparelhos para níveis mais baixos. Além disso, o uso de protetor solar com cor, mesmo em ambientes internos, é essencial, pois os filtros solares protegem contra tanto os raios UVA e UVB quanto a luz visível. Outra dica importante é manter uma distância adequada entre a pele e os dispositivos eletrônicos.
“Também é possível fortalecer a proteção contra a luz azul com o uso de produtos tópicos que contenham ativos antioxidantes, como vitamina C, que ajudam a neutralizar os radicais livres. Suplementos orais com antioxidantes, como polifenóis e vitamina E, também podem ser eficazes para combater os danos causados pela exposição prolongada à luz azul”, orienta.
5. Ingredientes bioadaptogênicos
Os adaptógenos, ingredientes naturais que ajudam o corpo a lidar com o estresse, ganharão destaque em 2025. Extratos como ashwagandha, cogumelos reishi e centella asiática serão utilizados em produtos para equilibrar, acalmar e fortalecer a pele, principalmente em tempos de estresse e agressões urbanas.
A médica explica: “Eles agem como reguladores metabólicos, melhorando a capacidade do organismo de se adaptar a situações estressantes e minimizar os danos causados por esses estressores. No contexto da saúde da pele, os adaptógenos desempenham um papel fundamental na proteção contra os impactos do estresse ambiental, como poluição, radiação UV e outros fatores que podem comprometer a saúde cutânea”.
6. Skincare aliado ao biohacking
A tendência do biohacking, que visa potencializar o funcionamento do corpo, também invadirá o skincare. Produtos com peptídeos biomiméticos e ativos que estimulam os processos naturais de regeneração da pele serão protagonistas, prometendo resultados eficazes e mais duradouros.
“Esse movimento, que combina biologia, tecnologia e autocuidado, busca potencializar o funcionamento do corpo, promovendo o rejuvenescimento e a prevenção do envelhecimento cutâneo de maneira mais eficiente”, explica Priscilla.
“Entre as técnicas mais comuns, destacam-se mudanças alimentares específicas, como a adoção de dietas ricas em antioxidantes e nutrientes essenciais, o uso de suplementos para fortalecer a pele e melhorar sua regeneração, e práticas de monitoramento da saúde que permitem um acompanhamento contínuo da condição da pele. Além disso, dispositivos tecnológicos, como máscaras de LED, microcorrentes ou tecnologias de análise genética, têm se mostrado promissores para estimular a produção de colágeno e combater os sinais do envelhecimento”, enumera.