Já se foi o tempo em que brincar de escolinha e sonhar em ser professor era uma das brincadeiras favoritas e o sonho profissional de muitas crianças. Passar as tardes “ensinando” seus bonecos e bichos de pelúcia fazia parte do universo infantil e estava presente na maioria dos lares.
O tempo passou e as crianças começaram a experimentar outros tipos de jogos que passaram a competir com os jogos simbólicos, tão apreciados pelas crianças até 5, 6 anos de idade. Jogos esses importantíssimos para o desenvolvimento infantil. O famoso faz-de-conta!
Veio o vídeo game, o tablet, o celular com seus infinitos jogos e vemos nossas crianças brincando cada vez menos. A brincadeira de escolinha já não é tão comum nos lares como já foi um dia e o sonho de ser professor é praticamente inexistente.
Semanas atrás, comemoramos o “Dia dos Professores” e as piadas rechearam as redes sociais. Por que? Porque não é fácil ser professor no Brasil. Baixa remuneração, desvalorização, condições de trabalho precárias (realidade de não poucas escolas), demanda de trabalho altíssima, falta de apoio das famílias, violência em sala de aula, cansaço físico, mental e emocional ao extremo… quem quer ser professor?
Fiz essa pergunta para uma turma de 9 anos numa sala com 30 alunos de uma escola particular. Você já deve imaginar a resposta, não? Ninguém levantou a mão!!! Pois é… Uma pesquisa divulgada em 2022 pelo Instituto Semesp – que representa as mantenedoras do ensino superior – aponta que, até 2040, a educação básica pode sofrer um apagão, com a falta de pelo menos 235 mil docentes. “O número de ingressantes nas licenciaturas vem caindo bruscamente e a maioria dos profissionais em atuação hoje tem, em média, 50 anos”, explica a educadora Lúcia Teixeira, presidente da Semesp.
Essa é a nossa triste realidade e, infelizmente, podemos afirmar que estamos colhendo o que plantamos. De um lado vemos as crianças deixando o jogo simbólico de lado, brincando cada vez menos ao ar livre e trocando por jogos eletrônicos entre 4 paredes, e do outro vemos seus sonhos profissionais mudarem para youtubers, influencers digital ou jogadores de futebol. Afinal, quem quer a difícil arte de educar e impactar vidas quando se pode ser um milionário?
Por Thaís Massa Simas