No Dia Internacional da Conscientização da Perda Gestacional e do Recém-nascido, lembrado nesta terça-feira (15), o g1 conversou com quatro mães que vivenciaram este momento em hospitais públicos e privados do Distrito Federal. Elas falam da falta de privacidade, da falta de leitos separados e da falta de comunicação e de preparo das equipes que atendem quem sofreu um abortamento (leia mais abaixo).
“Você vê todo mundo sair com um bebê no colo, e você acabou de deixar um lá. Não tem apoio psicológico, não tem estrutura, nem acolhimento. Assim como o parto deve ser humanizado, a perda gestacional também deve ser“, diz a arquiteta Juliana Molisani.
Atualmente com 39 anos, Juliana perdeu um bebê em 2020. No terceiro mês de gestação, ela descobriu a gravidez anembrionada – quando o óvulo fertilizado se implanta no útero, mas não há desenvolvimento do embrião.
“Estava grávida, mas não estava grávida. É uma situação perturbadora”, diz Juliana.
Juliana Molisani perdeu um bebê e fala da dor de mulheres com perda gestacional — Foto: Fernanda Bastos/g1
A arquiteta conta que assim que deu entrada em um hospital particular de Brasília, por volta das 10h da manhã, já no processo da perda gestacional, foi encaminhada para a recepção da maternidade e ficou ao lado de várias mulheres grávidas.
“Começou a vazar ali mesmo. Eu estava com absorvente, mas não tinha como segurar. A minha urgência na hora era ‘eu preciso sair daqui’, porque estava me fazendo mal ficar ali. Percebi até que as gestantes estavam desconfortáveis, porque ninguém sabia o que estava acontecendo”, lembra Juliana.
Por não existir uma ala específica para mães que perderam bebês, Juliana foi levada para um box onde uma enfermeira disse a ela que estava “muito cedo” para o parto. “Eu tive que explicar, ‘mas não é um parto, é uma resolução de gravidez, eu estou perdendo’. Ela [a enfermeira] ficou perdida, sem saber o que fazer. Teve muito despreparo, não era o local para esse tipo de pergunta”, diz Juliana.
Depois de 11 horas de espera, Juliana passou pelo procedimento de retirada do bebê. “Eu fiquei o dia inteiro expelindo material, com outras mães ao meu redor e bebês chorando. Saí de lá 00h quando fui liberada para ir para casa”.
“A saída é pelo mesmo lugar que as mães saem quando estão com as crianças no colo. Saí com essa sensação enorme de perda, ‘estou saindo sem segurar nada’. Outras mães saindo e os olhares. Foi bem constrangedor. O lugar onde você deveria se sentir segura, não teve nada disso”, afirma Juliana.
‘Achei que tinham perdido o corpo do meu filho’
A psicóloga Mayara Espíndola Andrade, de 35 anos, passou por uma perda gestacional há cinco meses. Com 20 semanas, na sua primeira gestação, houve uma ruptura da bolsa gestacional que envolve o embrião.
Ela foi atendida na mesma maternidade privada que Juliana Molisani, e passou pelos mesmos caminhos, só que sem saber que estava perdendo o seu bebê.
“Passaram muitas horas até um médico explicar o que estava acontecendo. Até lá enquanto eu estava esperando e sempre avisavam que iria demorar para eu ser atendida, porque tinham mulheres parindo. Os médicos estavam preocupados com as mulheres que iam ter filhos vivos e eu tive que esperar no box. Foi solitário e desgastante. […] Senti que perder o meu filho era menos importante do que cuidar de uma mãe que iria sair com o filho vivo”, diz Mayara Espíndola.
A psicóloga só foi para o quarto depois de 15h de espera – o quarto foi o mesmo que ela tinha visitado um dia antes do aborto, quando foi conhecer o local onde teria seu filho. No corredor, Mayara lembra que viu os nomes dos bebês nas portas e ouviu as enfermeiras conversarem sobre os recém-nascidos.
“É horrível por tudo, mas é chocante, porque cada vez que abria a porta e eu via eu lembrava. Na saída, tinham pessoas chegando com flores, com balão, até o momento de entrar no carro, a gente ficou vivendo essa realidade – de pessoas saindo com filhos e nós passando pela pior experiência das nossas vidas”, diz Mayara Espíndola.
Mayara ficou dois dias no hospital e em um único momento uma psicóloga passou no quarto para oferecer atendimento. Além disso, depois de se despedir do filho, o corpo do bebê foi levado para a biópsia e, mais tarde, após o corpo ter sido levado para um laboratório errado, a equipe não sabia informar onde estava o bebê.
“Eu achei que tinha perdido o corpo do meu filho, isso é um descaso. Passei dois dias tentando descobrir onde ele estava”, lembra Mayara.
A psicóloga e especialista em perinatalidade e luto, Alline Meireles, explica que por mais que perdas gestacionais ocorram e o luto faça parte da vida, dentro das maternidades existe um tabu muito grande.
“A morte na maternidade é jogada para debaixo do tapete, ela é escondida. Ninguém encara como algo real, que a instituição precisa lidar com isso e os profissionais também.Todos querem esconder essa morte que aconteceu e não cuidar dela”, diz Alline Meireles.
‘Choro silencioso’
Filomena conta como se sentiu ao perder bebê em sua primeira gestação. — Foto: Reprodução
Na oitava semana de gestação, Filomena de Oliveira Cintra e Silva perdeu o seu bebê, aos 33 anos. Em 2009, depois do procedimento da curetagem – raspagem da parede do útero para remover o embrião – em um hospital particular de Brasília, ela lembra que ficou na mesma sala de pós-operatório com outras mães e bebês.
“Me colocaram em um canto da parede e eu chorando aquele choro silencioso. Eu cheguei a ver a mãe na maca com o bebê e aquilo doeu bastante. Enquanto eu estava tendo a experiência da perda do meu sonho, no mesmo lugar uma mãe estava com o seu bebê, duas realidades totalmente diferentes”, diz Filomena.
Quando ela foi transferida para o quarto, dentro da maternidade, as placas em cada porta com o nome dos bebês também ficaram registradas na memória. “Lembro de olhar para as portas com os nomes dos bebês e a sensação de anestesia, como se estivesse fora do corpo, observando aquilo que não era mais minha realidade”, diz Filomena.
Depois de passar por outra perda gestacional, em 2018, Filomena de Oliveira Cintra e Silva decidiu que precisava falar sobre o assunto e criou um grupo para acolher mulheres que perdem seus bebês. Ela conta que fez uma postagem sobre o relato de dor em uma rede social e várias mulheres comentaram. “Mães vivenciam essa dor e não são acolhidas”, afirma.
“O fato de lidar com a morte, no momento que se espera a vida, é difícil. Mas é preciso ter consciência e respeito, pois a nossa dor não se resume apenas à perda do filho ou filha, mas também no tratamento dos profissionais de saúde, na compreensão e conscientização de familiares, amigos, colegas de trabalho e a sociedade como um todo”, afirma Filomena.
📌Para participar do grupo, as mães podem entrar em contato com o telefone 61 98129-2627.
‘Ser tratada como nada, jogada de lado é muito ruim’
Katiely conta como se sentiu durante procedimento de curetagem para retirada do bebê. — Foto: Reprodução
Uma das mães que participam do grupo criado por Filomena é a auxiliar de escritório Katiely Teixeira Rosa, de 24 anos. Ela, que engravidou com 22 anos e perdeu o bebê, viveu o mesmo drama das outras mulheres, mas em um hospital público do Distrito Federal.
Em 2022, depois de 10h de espera, ela fez o procedimento da curetagem. No entanto, Katiely diz que, além de dividir a mesma ala com mulheres que estavam tendo seus bebês, a equipe que a acompanhou não estava preparada para lidar com o luto e acolhê-la.
“Ninguém olhou na minha cara, ninguém conversou comigo, ninguém fez nada. […] Perder uma criança e ser tratada como nada e ser deixada, jogada de lado, é muito ruim […]. Apenas uma enfermeira e o anestesista tiveram um pouco de humanidade comigo, o resto me tratou como se eu não fosse nada em cima daquela mesa de cirurgia. Conversavam sobre qualquer outra coisa entre eles, menos comigo”, diz Katiely.
Depois do procedimento, Katiely enfrentou desafios psicológicos e físicos. Teve ansiedade, crises de pânico e sofreu com os seios cheios de leite sem ter um bebê para amamentar.
A psicóloga e especialista em perinatalidade e luto, Alline Meireles, explica que o maior risco para a saúde mental dessas mães é tornar essa situação de perda gestacional – que já é dolorosa – em algo traumático, ou seja, acrescentando mais dor para a dor da perda.
“O tipo de tratamento oferecido a esta mãe pode tornar essa vivência um processo traumático. Isso potencializa os riscos de uma desorganização emocional, como depressão pós-parto para um transtorno de luto prolongado (luto que se complica). Esse luto tende a se complicar por causa dessas vivências e dessa assistência recebida, dessa violação de direitos, da violência psicológica vividas nas maternidades”, diz a psicóloga.
Como está a situação no Brasil?
A atenção às mulheres em situação de abortamento deve se apoiar em três pilares, de acordo com o Ministério da Saúde:
- Acolher e orientar: ouvir a mulher, a partir de princípios éticos dos direitos reprodutivos
- Atenção clínica ao abortamento: decisão sobre melhor técnica a ser utilizada para o cuidado da mulher, com ênfase na necessidade de manejo da dor; e
- Planejamento reprodutivo pós-abortamento: discutir com a mulher sobre suas intenções reprodutivas e oferecer os métodos contraceptivos disponíveis, orientando sobre continuidade do cuidado em serviços de atenção básica.
No entanto, o Ministério da Saúde diz que não consegue identificar a organização de espaços físicos disponíveis para mulheres que tiveram algum tipo de aborto separado das mulheres que serão mães no Brasil (veja nota completa abaixo).
Além disso, a pasta afirma que vai implantar o Programa QualificAES, em 2025, para identificar informações mais atualizadas sobre o “processo de trabalho e gestão do cuidado realizado nos serviços de Atenção Especializada à Saúde na RAS”. O ministério também destaca o lançamento da Rede Alyne, em 12 de setembro, que pretende reduzir a mortalidade materna e infantil e garantir atenção humanizada de qualidade à gestante, parturiente, puérpera e ao recém-nascido.
Com o objetivo de garantir privacidade às mães, tramita no Senado uma proposta que obriga hospitais públicos e privados a oferecer leito separado na maternidade para mães que perdem os filhos por aborto espontâneo ou quando a criança nasce morta. O projeto de lei n° 978/2019 aguarda a emissão do relatório que vai ser feito pela senadora Zenaide Maia para continuar a tramitação.
Já no DF, existe uma lei distrital que trata sobre a criação de um espaço separado em hospitais para mães que deram à luz a filhos natimortos ou parturientes que tenham sido diagnosticadas com óbito fetal ou estejam aguardando a retirada do feto. A lei foi sancionada em 2021.
No entanto, a implementação da lei ocorreu apenas em alguns hospitais particulares do DF, que confirmaram ao g1 a realização de um fluxo diferente para mães que perderam seus bebês. Questionada sobre a situação nos hospitais públicos, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal não respondeu até a publicação dessa reportagem.
“Há uma distância entre o que a lei prevê e a implementação. Um dos principais gargalos da política pública é o processo de implementação. Nossa atuação é no sentido de cumprimento dessa lei, que sejam criadas condições estruturantes para o cumprimento dessa lei”, diz Hiza Carpina, promotora de Justiça.
A promotora da 3ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) Hiza Carpina afirma que o MP está realizando um diagnóstico sobre o atendimento nas maternidades da rede pública. Até o momento, o MPDFT destacou os seguintes problemas:
- Falta de vagas: déficit de vagas para pré-natal em alto risco
- Hospitais atendem o DF e o entorno: compartilhamento de maternidades e centros obstétricos com entorno do DF
- Estrutura física antiga e sem preparação: maternidades sem reformas há muito tempo que não permitem um fluxo reservado
- Supertolação das maternidades: muitas unidades funcionam em sistema de superlotação
- Déficit de profissionais de saúde e restrições laborais: reduz a capacidade de atendimento
A promotora explica que há uma deficiência geral com a política pública materno-infantil no Distrito Federal e que um dos principais problemas é a falta de modernização da estrutura física dos hospitais e maternidades.
“Estamos falando de uma estrutura que é anterior a essa visão de cuidado e humanização ao cuidado com a mulher, nesse processo de se tornar mãe ou mesmo quando esse processo se frustra com o fenômeno da interrupção da gravidez. Cuidar do fluxo da mulher em um processo de interrupção da gravidez passa inclusive por cuidar da estrutura física que hoje são antigas e precárias”, diz.
A procuradora informa ainda que o MPDFT exigiu, em abril, um plano de ação da Secretaria de Saúde do DF para enfrentamento das principais fragilidades das maternidades.
O que pode ser feito?
As mães e as especialistas entrevistadas pelo g1 destacam o que poderia ser feito para acolher e amenizar a dor que as mães vivem perdas gestacionais:
- Cuidado na comunicação da má notícia: no momento do exame da detecção da morte do bebê é preciso dar suporte e apoio para a mãe e para a família e comunicação precisa passar por todas as instâncias onde a mulher será atendido
- Acolhimento na triagem: ser encaminhada para um local específico e dar privacidade para a mãe que está passando por um abortamento
- Equipe preparada: recepcionistas, enfermeiros, médicos, psicólogos, todos da equipe do hospital precisam receber treinamento para amenizar a dor que a mãe está vivendo
- Investigação e planejamento do futuro reprodutivo da mãe: entender o que ocorreu com a mãe, se ela vai tentar novamente
- Alas separadas: o espaço físico precisa ser organizado para se ter uma ala específica, um quarto específico, algo que proporcione a privacidade
- Leitos identificados: identificação de alguma forma na porta dos quartos e nos prontuários das mães que perderam o bebê para evitar perguntas dolorosas
- Suporte no aleitamento: quando a perda é no estagio avançado da gestação, mãe vai precisar parir o bebê e precisa lidar com a questão do leite
- Informação para depois do procedimento: explicações e orientações sobre para onde o corpo do bebê vai, orientações de onde procurar ajuda, de como vai ser o puerpério sem o bebê. Suporte nas decisões sobre o cemitério e o enterro do bebê.
- Suporte nas decisões e suporte psicológico.
- ‘Caixa de memórias’: guardar para essa família esses poucos elementos concretos de memória da existência desse bebê como pulseira, touca, mantinha, uma fotografia.
- Acolhimento das famílias: permitir um espaço para que os avós possam conhecer o bebe, que os irmãos
- Reestruturação física das maternidades ou modernização das estruturas físicas: há necessidade de um processo de modernização desde o centro cirúrgico para toda a maternidade
- Garantir o acompanhamento: presença do acompanhante é fundamental
- Reserva de fluxo: para que a mãe não compartilhe o ambiente de mistura de alegria de ter um filho com a dor da perda é preciso desenhar fluxo reservado para o cuidado com a mulher
- Construção de novas casas de parto: reserva centros obstétricos para casos mais críticos, há apenas uma casa de parto
“No Brasil já existem protocolos, o que faltam são políticas públicas. É preciso que instituições invistam nisso. Uma conduta respeitosa ajuda na vivência do luto saudável, qualquer conduta desrespeitosa, violenta, pode ser um fator desencadeante de sofrimento importante”, afirma a psicóloga Alline Meireles.
O que diz o Ministério da Saúde
“O Ministério da Saúde pactuou, em parceria com as secretarias de saúde, o Programa QualificAES na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) como uma importante estratégia de avaliação dos serviços da atenção especializada nos territórios.
Esse programa visa fortalecer a atuação do MS na avaliação e monitoramento das ações e serviços de Atenção Especializada à Saúde (AES), em consonância com a Política Nacional de Atenção Especializada me Saúde-PNAES (PNAES), para promoção de ações de melhoria contínua da tríade atenção-gestão-ensino, bem como para fortalecimento do papel dos serviços na Rede de Atenção à Saúde (RAS).
A partir desse processo implementado, em parceria com estados e municípios, com previsão das visitas avaliativas para o primeiro trimestre de 2025, será possível identificarmos informações mais atualizadas a respeito do processo de trabalho e gestão do cuidado realizado nos serviços de Atenção Especializada à Saúde na RAS.
Atualmente o MS realiza o monitoramento das ações e serviços de saúde da Atenção Especializada a partir dos Sistemas de Informação, dentre eles, SCNES, SIA-SUS, SIH-SUS, SINASC, SINAN e SIM, o que não nos permite identificar, até o momento, a organização dos espaços físicos disponíveis às mulheres que tiveram algum tipo de aborto e das mulheres que vão ter um parto.
No dia 12 de setembro foi lançada pelo Governo Federal a Rede Alyne, tendo como principais objetivos: Reduzir a mortalidade materna e infantil, observando as iniquidades étnico-raciais e locorregionais; Garantir atenção humanizada e de qualidade à gestante, parturiente, puérpera e ao recém-nascido; Ampliar o acesso aos serviços de saúde reprodutiva, incluindo planejamento familiar e métodos contraceptivos; Fortalecer a rede de cuidados obstétricos e neonatais em todo o país; e Promover a articulação entre os diferentes níveis de atenção à saúde, desde a atenção básica até a alta complexidade.
A ambiência dos serviços de atenção às mulheres no período gravídico-puerperal é uma das estratégias da Rede Alyne e incorporada no Novo PAC, incluindo espaço individualizados para acolhimento e suítes para o trabalho de parto, parto e pós-parto. Tem como Meta até 2026 construir 60 maternidades e 90 Centros de Parto Normal (CPN). Até o momento foram aprovados recursos de obras para 36 novas maternidades e 30 novos CPN, sob responsabilidade da execução local pelos proponentes, estados ou municípios. Visando contribuir com a agilidade desta execução e com a adequação da ambiência de acordo com as diretrizes das boas práticas de gestão e atenção ao parto e nascimento, o MS disponibilizou projetos arquitetônicos com adesão de 100% dos proponentes. Isso permitirá a oferta de serviços de saúde para a atenção obstétrica e neonatal alinhados à privacidade e humanização da atenção às mulheres e seus e familiares, incluindo a atenção humanizada ao abortamento.
Ainda no âmbito da Rede Alyne, um conjunto de documentos técnicos, orientadores e baseados nas melhores evidências científicas de gestão e atenção estão em processo de atualização e/ou elaboração, dentre eles, o aprimoramento da normativa sobre a atenção humanizada ao abortamento para ampliar e qualificar o cuidado com a mulher e a família nesse período.
A atenção às mulheres em situação de abortamento deve se apoiar em três pilares, os quais estão presentes na Norma de Atenção Humanizada ao Abortamento vigente:
1. Acolher e orientar: ouvir a mulher, a partir de princípios éticos dos direitos reprodutivos
2. Atenção clínica ao abortamento: decisão sobre melhor técnica a ser utilizada para o cuidado da mulher, com ênfase na necessidade de manejo da dor; e
3. Planejamento reprodutivo pós-abortamento: discutir com a mulher sobre suas intenções reprodutivas e oferecer os métodos contraceptivos disponíveis, orientando sobre continuidade do cuidado em serviços de atenção básica.”