“A vivência em criar e desenvolver roupas é um desafio a cada dia. Um dos maiores desafios do profissional é criar peças desejáveis, baseadas em muita pesquisa em fontes corretas, escolha de tecidos e aviamentos corretos para o caimento e confecção das peças”, ressalta Carol Xavier, à frente do Studio que leva o seu nome. Ela esteve à frente do workshop ‘Ilustração de Moda’, no Mumo como parte integrante da 30ª edição do Minas Trend – Maior Salão de Negócios da América Latina -, promovida pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG)
A ilustração de moda, as técnicas do desenho, croquis rápidos, uso de cores, sombreamento e iluminação e estilização usando a criatividade para a criação de looks idealizando uma coleção de moda. Assim Ana Carolina Xavier, à frente do Studio Carol Xavier, com o propósito de compartilhar conhecimentos na área de criação, conduziu com maestria o workshop “Ilustração de Moda“, no Museu da Moda (Mumo) – charmoso casarão em estilo eclético, com elementos do neogótico e características manuelinas e primeiro museu público de moda do Brasil, em Belo Horizonte, dentro da programação plural da 30ª edição do Minas Trend – Maior Salão de Negócios da América Latina, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG).
De acordo com Carol Xavier, a sua expertise ajuda as marcas a terem um olhar o mercado de forma mais alinhada: “A vivência em criar e desenvolver roupas é um desafio a cada dia. Um dos maiores desafios do profissional é criar peças desejáveis, baseadas em muita pesquisa em fontes corretas, escolha de tecidos e aviamentos corretos para o caimento e confecção das peças. É ter um olhar à frente do mercado de forma assertiva dentro do universo da marca e, principalmente hoje, alinhar posicionamento de marca com mercado, marketing e vendas. Creio que fazer roupas equivale a 50% do processo para uma marca ter sucesso. Vários pontos que precisam andar juntos como, uma boa criação, desenvolvimento, posicionamento, marketing, entrega de conteúdos desejáveis e canal de vendas”.
Outro ponto que ela abordou foi a sinergia entre todo o processo produtivo: “O desenho técnico precisa ter todas as especificações necessárias para a confecção entender tudo que precisa ser executado”. Bacharel em Moda, com curso de Ilustração e Criação pela Universidad Palermo (Buenos Aires, Argentina) e com cursos na área de Coleções de Moda, Fashion Business e empreendedorismo, Carol trabalhou em diversas empresas de confecção no setor de estilo e criação. Hoje dá consultoria para marcas e também é professora em seu estúdio, que, segundo ela, tem como principal meta “concentrar nossos esforços na primeira etapa do processo da moda. Através dos nossos cursos e serviços, buscamos transmitir conhecimento e fornecer todas as estratégias necessárias para o sucesso no mercado da moda”.
Discutir sobre moda, viver e respirar moda, é o que me define – Carol Xavier
LINHAS E TRAÇOS
Carol Xavier nos conta a sua trajetória até aqui: “Comecei no mercado da moda como estagiária de marcas mineiras. Quando me formei, decidi viajar e estudar fashion business e ilustração de moda. Quando retornei, comecei a dar aulas de ilustração de moda em casa e, aos poucos, fui conquistando mais clientes, de modo que resolvi abrir uma sala para montar as turmas e dar aulas. Com alguns anos fui conquistando mais clientes e montando mais turmas, e comecei a ter uma demanda querendo montar marcas de moda e pedindo dicas, pois muitos sabiam que eu trabalhava para algumas marcas. Foi dessa forma que iniciei a a atuação com consultorias. Hoje trabalho com consultorias para diversas labels do mercado, grandes, médias e pequenas, mas do Studio são as menores”.
Participar do Maior Salão de Negócios da América Latina é um privilégio. Ser convidada para palestrar ou desenvolver um workshop, significa dizer que estamos inseridas realmente no mercado e que temos um papel importante dentro do cenário da moda em Minas Gerais – Carol Xavier
Há muito tempo dedicada ao desenho, quisemos saber de Carol quais as referências que a inspiraram em seu ofício e quais as suas preferências profissionais. “Sempre fui de ver imagens e reproduzir em ilustrações. Sou muito observadora e ligada em imagens que chamam a minha atenção. Gosto muito de observar sombreados e sou ligada às técnicas. Gosto de misturar materiais, testar, experimentar… Fiz um curso de ilustração fora do Brasil e abriu muito a minha mente principalmente para entender que com a técnica certa conseguimos representar muitas coisas e também fazer com que pessoas que “acham” que não conseguem ilustrar, possam realmente aprender, e muito bem! Gosto muito de desenhos realistas com técnicas mistas, acho eles mais impressionantes visualmente”.
PARA O FUTURO
Como fazer essa sinergia entre os saberes, o handmade num mundo high tech? “O mercado cria vertentes. O novo chega, então temos novos braços para apresentar o mesmo produto”. Ela exemplifica: “Assim como veio a era do Kindle, todos ficaram com medo que os livros de papel saíssem de cena, e isso não aconteceu. Igualmente, com o comércio online. As lojas físicas continuam, mesmo o cliente podendo consumir apenas pela internet. Hoje, eu ofereço aos meus clientes, quando vamos criar o desenvolvimento, fazer os esboços da coleção à mão ou no digital, e 99% preferem o manual. A sensação de criar os esboços à mão, é muito mais prático e fácil para desenvolver o processo criativo, podendo facilmente de forma rápida apagar e refazer o que estamos desenvolvendo. Todavia, dou a opção do digital para todos. Acho que como temos essa nova opção temos que buscar conhecimento e nos aperfeiçoar nas duas formas. Isso torna um profissional qualificado”, analisa.
Diante de caminhos múltiplos, para qual se direciona a moda brasileira? “É notável que as marcas que possuem um lifestyle e uma essência forte ganham espaço no mundo inteiro. A moda brasileira é riquíssima de identidade e posicionamento. Gosto muito de dar exemplo da Farm, uma marca que tem o coração do Brasil, que representa toda brasilidade, intensidade e design. Claro que existe inúmeras marcas aqui no Brasil que fazem trabalhos incríveis e cada uma com seu posicionamento e segmento também. Roupa é expressão, é arte, e acho que fazemos isso muito bem aqui!”, frisa.
E qual o maior sonho de Carol Xavier? ” Ter um hub fashion. Não apenas ser uma escola de moda, mas também um local onde podemos discutir sobre inovação, tendências, desenvolver cada vez mais novas marcas de moda com idéias e propósitos. Quero levar minha idéia para o mundo, incentivar, ajudar, ensinar, falar sobre, discutir, unir, crescer…”