METANOL: COMO ORIENTAR NOSSOS ADOLESCENTES?

Sim! Temos que falar sobre isso!
Apesar da proibição da venda e do consumo de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, o uso por adolescentes é registrado com frequência no Brasil.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, pesquisas indicam que a iniciação do consumo de bebidas alcoólicas costuma ocorrer dentro de casa, entre 12 e 13 anos de idade.
O último levantamento brasileiro realizado em 2010 entre estudantes das principais capitais brasileiras demonstra que a idade de experimentação de drogas acontece entre 10 e 12 anos, com uso na vida de álcool de 22,1%, de qualquer outra droga 7,7% e de tabaco de 2,3%.
A curiosidade normativa do adolescente, reforçada pelos fatores socioculturais, é o aspecto que mais influencia na experimentação. A facilidade de acesso, consumo familiar e história de alcoolismo também possuem relação com o consumo.
O álcool é considerado a primeira droga a ser experimentada pelos estudantes.
E por que devemos nos preocupar?

1) O consumo de bebidas alcoólicas pode estar associado a uma série de prejuízos neuropsicológicos (como perda de memória, dificuldade de aprendizado e perda de controle dos impulsos);
2) O uso de álcool por menores de idade está mais associado à morte do que todas as substâncias psicoativas ilícitas em conjunto;
3) Estar alcoolizado aumenta a chance de violência sexual, tanto para o agressor quando para a vítima, consequentemente aumentando o risco de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez;
4) O uso de álcool na adolescência expõe o indivíduo a um maior risco de dependência química na idade adulta.
Além disso, agora um novo problema:
As bebidas consumidas podem estar contaminadas pelo METANOL.
O metanol, também conhecido como álcool metílico ou álcool da madeira, é um composto químico com fórmula CH3OH, usado principalmente como solvente industrial e combustível na aeronáutica e automobilismo.


Quando ingerido, ele é rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal. No fígado, é metabolizado para formaldeído e depois para ácido fórmico (ambos altamente tóxicos), sendo esse último o principal responsável pelos danos metabólicos e neurológicos.


Segundo a nota da Sociedade Brasileira de Pediatria, a evolução dos sintomas de uma pessoa que ingere metanol pode variar de acordo com a quantidade ingerida ou até pela sensibilidade individual. No geral, a evolução acontece com as seguintes características:
Período inicial (até 12-24h): sintomas discretos ou ausentes. Pode haver sensação semelhante à ingestão de etanol, com leve tontura, náuseas. Nesta fase os sintomas se confundem com a clássica “ressaca”, tornando o diagnóstico precoce mais difícil.


Início dos sintomas (12-24h após ingestão): os sintomas mais específicos aparecem de forma progressiva, com vômitos, dor abdominal, cefaleia intensa, tontura, fraqueza, visão turva, fotofobia, sensação de “enxergar nublado” (sinais iniciais e clássicos de lesão do nervo óptico);


Complicações graves (24-72h): a intoxicação evolui para acidose metabólica grave, que altera todo o equilíbrio do corpo, respiração acelerada e profunda, confusão mental, agitação que evolui para sonolência e até coma. Convulsões, arritmias, queda de pressão e choque podem ocorrer.
A cegueira que se instala é irreversível devido à necrose do nervo óptico!

NO TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO, CADA MINUTO CONTA. ENTÃO AO QUALQUER SINAL, LEVAR O ADOLESCENTE IMEDIATAMENTE AO PRONTO-ATENDIMENTO.

O mais importante nessa história é orientar nossos filhos. Conversar abertamente sobre os malefícios do álcool (a curto e longo prazo). Conversar sobre os riscos iminentes do Metanol. Orientar que a busca por aceitação e aprovação social é parte natural da adolescência, mas jamais deve colocar em risco a saúde física ou emocional de ninguém.

Com carinho

Dra Ju
POR DRA. JULIANA DE ROSIS DINATO
Pediatra Neonatologista
@drajuped

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