Menino de 2 anos aprende Libras para conversar com a tia surda: ‘Será um adulto humano e inclusivo’, diz mãe

Em São Francisco de Paula, no Centro-Oeste de Minas, uma família tem derrubado barreiras de comunicação de uma maneira muito especial.

Otávio Uchôa Lima, um garotinho falante e com audição perfeita, já consegue se comunicar por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras) aos dois anos e nove meses de idade. Tudo isso graças à iniciativa carinhosa da mãe, Edlene Uchôa, que tem uma irmã surda.

Edlene conta que decidiu que o filho aprenderia Libras desde cedo, então começou a incentivá-lo desde bebê. Quando tinha um ano e seis meses, o pequeno aprendeu o primeiro sinal, e assim tiveram início os diálogos com a tia Missilene Uchôa.

“Quando ele fez o primeiro sinal eu estava no salão onde trabalho, não aguentei de emoção e chorei muito. Até hoje, quando vejo ele conversando com a ‘Mimi’, eu choro. É muito lindo”.

A ideia de estimular o pequeno a aprender Libras começou exclusivamente para que Otávio e Missilene pudessem se comunicar livremente, sem nenhuma barreira. Mas hoje é mais do que isso.

“Quando vejo o quanto ele se interessa pela Libras eu me sinto extremamente orgulhosa e muito privilegiada por ter um filho que desde pequeno aprendeu e já sabe a importância da comunicação com os deficientes auditivos. Mais do que dialogar com minha irmã, Otávio será um adulto mais humano, inclusivo”, afirmou a mãe.

Com quase três anos, Otávio já sabe se comunicar de maneira efetiva por meio dos sinais e nada passa despercebido aos olhos da mãe, que já fez vários registros e postou nas redes sociais. Não é preciso muito tempo para que cada postagem conquiste os corações dos internautas.



“Quando posto eu recebo uma chuva de mensagens. Muitas pessoas elogiando e vibrando com a fofura dele. O último vídeo então, nem se fala. Ele aprendendo com minha irmã é a coisa mais linda do mundo. Meu coração fica quentinho”, disse emocionada.

Inclusão

Ross Diniz, que é professor de Libras e defensor da inclusão, falou sobre a importância dessa iniciativa.

“Inserir a Língua Brasileira de Sinais na infância é crucial, especialmente quando há familiares surdos. As crianças são esponjas de conhecimento e, ao aprender Libras, elas não só se comunicam melhor com seus parentes, mas também desenvolvem uma consciência maior sobre inclusão e diversidade”, explicou.

Otávio tem mostrado que nunca é cedo demais para começar a aprender uma nova língua, ainda mais quando essa língua tem o poder de unir uma família inteira.

“Hoje, ele pode até ficar sozinho com minha irmã, pois sei que se precisar beber água, fazer xixi ou se estiver com fome ele consegue dizer a ela. Isso significa que a comunicação ocorre sem barreiras entre eles”.

Mais do que orgulhosa, a mãe espera que o exemplo do filho inspire outras pessoas a aprenderem Libras e a promoverem a inclusão desde a infância.

“Cada sinal aprendido é uma ponte construída para um mundo mais acessível e humano”, comentou o professor Ross Diniz.

Por estímulo da mãe, Edlene Uchôa, Otávio já consegue se comunicar em Libras  — Foto: Edlene Uchôa/Arquivo Pessoal
Foto: Edlene Uchôa/Arquivo Pessoal

Por estímulo da mãe, Edlene Uchôa, Otávio já consegue se comunicar em Libras

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