Lily Gladstone não foi a primeira atriz indígena indicada ao Oscar; saiba quem são as outras

Lily Gladstone fez história tornando-se a primeira atriz indígena dos Estados Unidos a ser indicada a um Oscar de Melhor Atriz. Considerada uma das favoritas ao prêmio – ao lado de Emma Stone, protagonista de Pobres Criaturas –, Gladstone brilhou e atraiu elogios da crítica e do público ao dar vida à indígena Osage Mollie Burkhart no filme Assassinos da Lua das Flores, dirigido por Martin Scorsese. Pelo papel, ela se tornou a primeira atriz indígena a vencer um Globo de Ouro.

Gladstone, de 37 anos, foi criada dentro da Reserva Indígena Blackfeet, localizada no estado de Montana, e atuou em outras produções como Certas Mulheres (2016), Billions (2016) e First Cow – A Primeira Vaca da América (2019).

No entanto, ela não foi a primeira atriz indígena a ser indicada ao Oscar ao longo das 96 edições da premiação. Outras duas mulheres nativas já foram nomeadas à categoria de Melhor Atriz antes dela.

Quem são as atrizes indígenas que já foram indicadas ao Oscar?

A primeira vez que uma mulher indígena foi indicada ao prêmio foi a australiana Keisha Castle-Hughes, na 76ª edição, em 2004. Na época, ela tinha 14 anos, o que também a tornou a pessoa mais jovem a concorrer ao Oscar de Melhor Atriz. Nascida em Donnybrook, na Austrália, ela é filha de uma mulher indígena pertencente ao povo Māori, considerada a primeira população a habitar a Nova Zelândia, e de um pai anglo-australiano.

Keisha Castle-Hughes foi a primeira atriz indígena indicada ao Oscar de Melhor Atriz — Foto: Jason LaVeris/FilmMagic/Getty Images
Keisha Castle-Hughes foi a primeira atriz indígena indicada ao Oscar de Melhor Atriz — Foto: Jason LaVeris/FilmMagic/Getty Images

Castle-Hughes foi indicada ao Oscar por interpretar a jovem Māori Paikea Apirana no filme independente Encantadora de Baleias, dirigido pela neozelandesa Niki Caro. Mas quem saiu vencedora do Oscar de Melhor Atriz de 2004 foi a sul-africana Charlize Theron, que viveu a serial killer Aileen Wuornos no filme Monster – Desejo Assassino. Também concorreram naquele ano Diane KeatonSamantha Morton Naomi Watts.

A segunda indicação de uma atriz indígena à premiação veio em 2019, na 91ª edição do prêmio. A nomeada foi a atriz e professora mexicana Yalitza Aparicio, que estrelou o filme Roma, de Alfonso Cuarón – foi o prêmio que mais recebeu indicações naquele ano, junto de A Favorita, de Yorgos Lanthimos.

Yalitza Aparicio foi a segunda atriz indígena indicada ao Oscar de Melhor Atriz — Foto: Jeff Kravitz/FilmMagic/Getty Images

Yalitza Aparicio foi a segunda atriz indígena indicada ao Oscar de Melhor Atriz — Foto: Jeff Kravitz/FilmMagic/Getty Images

A mãe da atriz pertence à etnia indígena Triqui, proveniente da parte ocidental do estado de Oaxaca, que conta com um longo histórico de conflitos internos entre grupos políticos. Antes de estrelar o filme de Cuáron, Aparicio vivia e lecionava em Tlaxiaco, um povoado pobre de 40 mil habitantes, onde quatro de cada dez vivia sem saneamento básico.

Em Roma, interpretou a empregada doméstica Cleo de uma família de classe média da Cidade do México, papel que a fez ser amplamente reconhecida em todo o mundo. Aparicio não venceu o prêmio, mas Roma saiu vencedor das estatuetas de Melhor Diretor, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Fotografia. Ela concorria com Lady GagaMelissa McCarthyGlenn Close e Olivia Colman – que saiu vencedora por protagonizar A Favorita.

A primeira mulher indígena a subir ao palco do Oscar

Além de Keisha Castle-Hughes, Yalitza Aparicio e Lily Gladstone, outra mulher indígena ficou marcada na história do Oscar: Sacheen Littlefeather. A atriz indígena, na época aos 26 anos, subiu ao palco da 45ª edição da premiação, em 1973, para recusar a estatueta de Melhor Ator que seria entregue a Marlon Brando por ter interpretado Vito Corleone, no primeiro filme da trilogia O Poderoso Chefão. Aliás, esta foi a primeira vez que a premiação foi televisionada.

O ator enviou Littlefeather, das etnias apache e yaqui, para protestar contra o “tratamento reservado aos nativos americanos pela indústria cinematográfica” – ou seja, a pouca representação que a população indígena tinha nas telas – e em respeito à Ocupação Wounded Knee, em que indígenas do Movimento Indígena Americano e da etnia Oglala Lakota ocuparam em um território da Dakota do Sul.

Depois de seu discurso, Sacheen Littlefeather foi vaiada pelas pessoas que estavam presentes na cerimônia. Em 2022, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que organiza o Oscar, organizou uma homenagem para a atriz e se desculpou publicamente pelo tratamento que ela recebeu na premiação.

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