O sambista faz balanço da carreira e fala do legado do pai, João Nogueira, em sua trajetória, e também sobre a lapidação da própria identidade. Após ter feito a música ‘Flor de Caña’ para a namorada, a atriz Paolla Oliveira com quem está desde desde 2021, Diogo anuncia que já compôs mais um presente para a amada. “Essa fiz com o Moacyr Luz”, conta
*Por Brunna Condini
Este ano Diogo Nogueira celebra seus 15 anos de carreira do jeito que mais gosta: fazendo shows por todo o Brasil. O sambista entrega surpresas da apresentação e diz que não faltam os grandes sucessos do seu repertório. Apaixonado e em ótimo momento da carreira, Diogo conseguiu tempo no meio da intensa agenda para fazer um balanço da trajetória, falar da sua identidade no samba e deixou escapar. “Já fiz uma segunda música para a Paolla (Oliveira, namorada do artista), com o Moacyr Luz, que está guardadinha, assim que for o momento vou lançar”, revela, lembrando, que ‘Flor de Caña’ foi o seu primeiro presente para a amada.
Diogo está em paz com a vida e segue com fé em direção aos seus sonhos que envolvem continuar fincando suas raízes na música. “Não tenho nada a reclamar, só agradecer até aqui”. Aliás, o tema fé, tão presente em sua vida, também tem sido refletido por ele junto ao seu público. Há uma semana, após abrir uma ‘caixinha de perguntas’ no Instagram, o cantor falou sobre sua religião, o candomblé, com seus seguidores. “É uma polêmica porque têm pessoas que respeitam o que você segue, têm pessoas que não respeitam, eu sou candomblecista. Meu santo de cabeça é Oxóssi, o caçador. Fundamental disso tudo de eu estar falando da minha religião aqui, é que as pessoas respeitem o que eu sou e o que eu admiro e respeito dentro da minha religião. Não só da minha, acho que Deus é uma divindade que jamais recusou, jamais ofendeu e jamais fez qualquer coisa contrária do que amar. Então, ame e respeite a religião de cada um, seja qual for”, disse.
Prezo o amor, acho ele fundamental independente de qualquer religião. Foi o que Jesus pregou, é o que o candomblé prega, o que umbandista prega, o que o mulçumano prega. Agora isso não acontece quando outra pessoa diz o que você tem que fazer porque sua religião é a que vai salvar o mundo. Jesus vai salvar todos nós independente de religião, independente de qualquer coisa – Diogo Nogueira
E pensando na carreira, revisita sua trajetória até aqui. “A cada ano, a cada trabalho, a cada momento foi muito aprendizado. Tenho muito orgulho do que construí nestes 15 anos. Obviamente tive acertos e erros, mas foco nos acertos. Aproveito os erros para ajustar e melhorar. Levo isso para a vida. Não mudaria nada, não tiraria nada da minha trajetória, faria absolutamente tudo de novo, com a mesma vontade. O ponto alto foram todos os trabalhos que fiz que foram indicados ao Grammy Latino, ao Prêmio da Música, foram 19 singles em novelas, só agradecer mesmo, porque foram momentos incríveis até aqui. Espero que continue assim”, deseja.
Filho do sambista João Nogueira (1941-2000) e neto do violonista João Batista Nogueira que chegou a tocar com Noel Rosa (1910-1937), Diogo fala do lendário legado do pai. “Tudo o que ele deixou se traduz em tudo o que sou. Acho que o legado do meu pai está exatamente em tudo que procuro trazer dentro do palco, nos trabalhos, nos singles, na história do samba. Obviamente brincando um pouco com a coisa da modernidade e do tradicional, misturando isso no trabalho”, avalia, e conclui sobre os caminhos percorridos para construir sua própria identidade: “Fui sempre fazendo tudo com verdade, colocando os meus sentimentos, sem me preocupar com comparações, fazendo do meu jeito. Isso é desafiador quase sempre, aliás tudo na vida é desafiador. Mas gosto e sempre encarei os desafios com afinco”.
O repertório do novo show, que foi realizado neste final de semana, no Rio, oferece ao público a diversidade dos estilos musicais e sonoridades brasileiras. Digo traz traz para o palco músicas de seus primeiros trabalhos como ‘Fé em Deus’ e ‘Lua de um poeta’, além de reverenciar mestres da música brasileira com novos arranjos para ‘Espelho’ (João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro), clássicos como ‘Do Leme ao Pontal’ (Tim Maia) e ‘Primavera’ (Cassiano e Silvio Rochael) imortalizada por Tim, e as emblemáticas ‘Andança’ (Danilo Caymmi, Paulinho Tapajós e Edmundo Souto) e ‘Aquele Abraço”'(Gilberto Gil), entre outras. Além de lançamentos recentes como ‘Talismã’ (Michael Sullivan e Paulo Massadas) e outras canções inéditas na voz do cantor. “É um showzaço, trago um repertório que vem lá do final de 2007, início de 2008, com músicas que fizeram muito sucesso e faço um pot-pourri. Também têm homenagens, como ao Arlindo Cruz. O repertório é na verdade um apanhado desses 15 anos, coloquei no repertório os sucessos, faço homenagens, tem dança, tudo para celebrar esse caminho, que quero dar continuidade e têm coisas novas para chegar”.
E finaliza respondendo sobre a música do seu repertório que mais o traduz e à sua história: “É ‘Clareou’. Essa música me traduz muito. Prezo pela fé, pela energia boa, positiva, pela alegria, pela luta, pela vitória, pelas conquistas. Acredito que essa música poderia representar também todo o público que me acompanha e me conhece verdadeiramente”.