Diástase abdominal: entenda o que é, quais os sintomas e tratamentos

Durante os 9 meses de uma gravidez, o útero cresce e precisa de espaço para caber na cavidade abdominal. Com isso, alguns órgãos ficam comprimidos e outros se deslocam. Trata-se de um processo de adaptação natural do corpo da gestante.

Após o parto, os órgãos voltam ao lugar, mas algumas pacientes são diagnosticadas com a chamada diástase abdominal. Isso acontece quando quando os músculos retos do abdômen sofrem um afastamento.

“A diástase é a separação das duas bainhas do músculo reto abdominal, o músculo que fica na parte anterior do abdômen – desde a parte inferior das mamas até a parte superior do púbis”, explica Alexandre Sanfurgo, cirurgião plástico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da International Society of Aesthetics Plastic Surgery (ISAPS).

Esse músculo é formado por dois feixes musculares que podem se separar por vários motivos e, quando isso acontece, uma “tela” se forma entre as duas partes, a fáscia. Segundo o médico, essa camada não possui a mesma contratilidade (capacidade de se contrair) dos músculos laterais:

“Isso faz com que a pessoa tenha uma fraqueza de abdômen e altera o que chamamos de ‘core’, ou seja, vai desestruturar o componente e força abdominal, o quadril e a postura”.

Principais causas e sintomas

Além do período pós-parto, a diástase também pode ser resultado de má postura, fraqueza abdominal e obesidade — Foto: Freepik

Além do período pós-parto, a diástase também pode ser resultado de má postura, fraqueza abdominal e obesidade — Foto: Freepik

Apesar de ser muito associado a uma condição pós-parto, a diástase também possui outras causas, como problemas de postura, fraqueza abdominal e obesidade, e atinge, geralmente, homens e mulheres a partir dos 35 anos.

“Com o aumento excessivo de peso, há maior gordura visceral, a que está dentro da cavidade abdominal. Isso vai fazer com que haja necessidade do crescimento da cavidade abdominal, fazendo com que a diástase apareça.”

Como se trata de uma condição subdiagnosticada, segundo Sanfurgo, é importante ficar atento aos possíveis sintomas.

Sintomas funcionais:

  • Protuberância na região abdominal;
  • Desconforto abdominal;
  • Incontinência urinária;
  • Alteração no funcionamento do intestino;
  • Dor na lombar;
  • Abaulamento abdominal.

Sintomas estéticos:

  • Protrusão abdominal (abaulamento da região do abdômen);
  • Aumento de curvatura lombar.

Como identificar?

O cirurgião afirma que o diagnóstico clínico acontece em duas etapas: o estático e o exame. O estático é feito com o paciente deitado e em movimento de flexão, o que permite identificar uma curvatura lombar, da protrusão ou abaulamento abdominal.

No exame, dois são indicados: a ultrassonografia – que permite ver com clareza a separação da bainha dos músculos retos – e, em determinados casos, a tomografia.

Cirurgia

A abdominoplastia é a cirurgia mais recomendada contra a diástase, mas alguns hábitos saudáveis podem tratar a condição — Foto: Freepik

A abdominoplastia é a cirurgia mais recomendada contra a diástase, mas alguns hábitos saudáveis podem tratar a condição — Foto: Freepik

A abdominoplastia é a cirurgia recomendada para reverter quadros de diástase. O procedimento consiste em descolar toda a região do abdômen, remover o excesso de gordura e fazer uma sutura manualmente.

Segundo ele, o método com robótica ao invés do laparoscópio (instrumento com câmera e foco de luz que auxilia o cirurgião) é mais preciso, menos invasivo, requer um tempo menor de internação e oferece um pós-operatório menos doloroso.

Considerando que temos a pele, gordura, musculatura e a cavidade abdominal, se entrarmos por essa última camada e juntar os músculos, a pele vem junto e ela pode ficar engruvinhada e com abalamento. Então o cirurgião plástico uso os três orifícios da lipoaspiração e faz a lipo em toda a camada de gordura, deixando a pele para cima e musculatura para baixo. Portanto, não entramos pela cavidade abdominal, mas entre a pele e a musculatura, ou seja, na gordura. Com equipamento de robótica, faço a estrutura da musculatura, que faz com que o músculo avance, se junte e a pele, que está dissociada da musculatura pela lipoaspiração, não fica engruvinhada”, diz ele, detalhando o procedimento.

Como dito anteriormente, o excesso de peso e a fraqueza abdominal estão entre as maiores causas da diástase. Portanto, para quem busca uma alternativa à cirurgia, o médico recomenda focar em exercícios que estimulem esta região para que os músculos laterais voltem à sua posição original.

O especialista explica que não é possível evitar que a diástase aconteça, mas existem maneiras de preparar o corpo para uma alteração corporal como a que acontece durante a gestação, por exemplo:

  • Atividades físicas que reforcem o assoalho pélvico: “Isso faz com que o músculo esteja mais forte e menos suscetível a esse abaulamento”;
  • Exercícios abdominais chamados de LPF (sigla em inglês para Low Pressure Fitness, ou “exercícios de baixa pressão”): são abdominais para fortalecimento e diminuir os efeitos da diástase.

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