Das 96 novelas exibidas no horário nobre da Globo, apenas quatro foram remakes e “Renascer” será uma delas

Atual cartaz das 21h, “Terra e Paixão‘ vai se encaminhando para a sua reta final. A trama de Walcyr Carrasco, escrita por ele e por Thelma Guedes, por semanas foi a novela inédita mais vista da Globo, e não apenas isso, mas também uma das com maior repercussão. Quer através do casal Kelvin e Ramiro (Diego Martins e Amaury Lorenzo, respectivamente), quer através das maldades – e da morte de Agatha (Eliane Giardini), quer por causa da fragilidade da saúde do seu autor, que fraturou a perna ao menos duas vezes, operou catarata e esteve com uma hérnia de disco, razão pela qual precisou afastar-se da autoria da trama.

A substituta da trama rural também terá a mesma ambientação. Porém, sai o clima árido do Mato Grosso do Sul e entra em cena a Bahia de São Jorge dos Ilhéus.“Renascer” entrará no ar com a missão de conservar e/ou elevar os índices de “Terra e Paixão“, assim como manter elevado o moral de Benedito Ruy Barbosa e de Bruno Luperi.

Ambos foram os responsáveis pelo último grande sucesso da faixa, “Pantanal” (2022), remake da novela homônima exibida pela Rede Manchete em 1990. Esta novela, contudo esbarra em uma exceção. É um dos poucos remakes a ser exibido na faixa das 21h. E sobre “Pantanal” pesa também o fato de ser a única novela que, originalmente foi exibida por uma emissora concorrente.

Tradicionalmente, o horário das 21h exibe novelas originais e inéditas. De todas as 74  levadas ao ar quando ainda se usava a nomenclatura “novela das oito” e das 22 transmitidas na atual faixa, apenas quatro são remakes de obras já exibidas. Assim como “Pantanal”, “Roque Santeiro” também é uma exceção.

A primeira versão, prevista para ser levada ao ar em 1975, ainda que tenha sido gravada, não chegou a ser transmitida, por haver sido censurada no dia da estreia. Além destas, “Selva de Pedra” também foi um remake.

A trama original foi a única a conseguir 100% de audiência em sua exibição original, em 1972, e em 1986 foi remontada para ser levada ao ar na faixa nobre. E, maior das coincidências, quase todas as tramas tem interrelações. Veja!

Renascer. Na primeira fase do remake, Humberto Carrão vive José Inocêncio. Marcos Palmeira na maturidade (Foto: Divulgação/Globo)

Renascer (1993/2024)

Exibida originalmente em 1993, “Renascer” está sendo produzida desde outubro deste ano, e tem a previsão de estreia para o início do ano de 2024. A novela de Benedito Ruy Barbosa está sendo atualizada por seu neto, Bruno Luperi, e vem no rastro do sucesso de “Pantanal”, exibida em 2022.

A novela é cercada de expectativas, não só por trazer a grife dos Barbosa, mas por saber como serão apresentadas algumas questões que não geraram discussão há 30 anos como relação entre o casal protagonista Mariana e José Inocêncio, assim como a mudança de perspectiva sob o personagem Buba (Maria Luiza Mendonça, em 1993), que na novela original era uma pessoa intersexo – chamada hermafrodita na ocasião, termo hoje inadequado – e atualmente será vivida por uma mulher trans (Gabriela Medeiros). “Renascer” marcou, em 1993, o retorno de Benedito Ruy Barbosa à Globo, depois do sucesso de “Pantanal”, na Manchete.

José Inocêncio (Marcos Palmeira) na segunda fase de Renascer [Foto: Divulgação/Globo]

Pantanal (1990/2022)

Originalmente exibida pela extinta TV Manchete, “Pantanal” foi um fenômeno no início dos Anos 1990. Primeiro grande sucesso teledramaturgico a quebrar, nacionalmente, a hegemonia global no segmento, a fazer mais de 40 pontos fora da TV líder e por fazer o Brasil conhecer a região sul-mato-grossense.

O que poucos sabem porém, é que a novela seria inicialmente exibida pela Globo, por volta de 1984, porém o projeto foi descartado. Na época, o nome provisório era “Amor Pantaneiro” e seria exibida às 18h.

Com a recusa de Benedito Ruy Barbosa em produzir para este horário, ele se transferiu para a Manchete, que bancou a ideia de fazer uma novela madura. E a trama  foi um escandaloso sucesso! Já perto da falência a Manchete optou por reexibi-la, em 1998 e a trama acabou sua exibição já na RedeTV!.

Em 2008, o SBT alugou as fitas da novela e também exibiu, com sucesso. Em 2022 foi a vez da Globo produzi-la e transmitir no horário nobre, mais uma vez, com bons resultados.

Juma (Alanis Guillen), a protagonista de “Pantanal” (Foto: Divulgação/Globo)

Selva de Pedra (1972/1986)

Um fragoroso sucesso em 1972, “Selva de Pedra” é ainda hoje uma novela marcante, ainda que passados mais de 50 anos de sua exibição original. Trama protagonizada por Regina Duarte e Francisco Cuoco, a novela imortalizou a canção “Rock’n’Roll Lullaby”, de BJ Thomas (1942-2021), que só fez sucesso aqui no Brasil, além de ser a única novela a marcar 100% de audiência.

Em 1986, em razão do sucesso inequívoco de “Roque Santeiro“, a Globo não sabia exatamente o que colocar no lugar e que pudesse manter a audiência nas alturas. Optou por refazer um arrasa quarteirão e assim levou ao ar “Selva de Pedra“.

Ainda que seja uma novela que revelou o talento de Miguel Falabella, que consolidou sua carreira a partir dela na TV, “Selva” não fez um grande sucesso e ainda acabou duramente criticada por ter Fernanda Torres como a mocinha, Simone. A atriz se disse traumatizada com a novela, tanto que nunca mais fez outra completa.

Fernanda Torres e Tony Ramos em “Selva de Pedra”, 86 (Foto: Nelson di Rago/Globo)

Roque Santeiro (censurada em 1975/refeita em 1985)

Tal como “Pantanal”, “Roque Santeiro” também consta entre as novelas que ainda que já estejam num recorte específico em razão de serem um remake exibido às 21h, cabe em outro enquadramento.

A sua versão original foi escrita e gravada, porém censurada no dia a estreia, em 1975. A Ditadura reconheceu que aquela novela era uma adaptação de “O Berço do Heroi“, peça de teatro que havia sido censurada por ser considerada herética.

Para não ficar com um buraco na programação, a Globo exibiu um compacto de “Selva de Pedra” (1972). “Roque” só seria exibida em 1985 e fez um grande sucesso. Sua substituta no horário foi… o remake de Selva de Pedra (1986)!

José Wilker (Roque Santeiro), protagonista da novela ícone dos Anos 1980 (Foto: Jorge Baumann/Globo)

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