Verificar o rótulo da garrafa no restaurante pode parecer suficiente para garantir que você está consumindo azeite extra-virgem, mas não é.
Mesmo após recentes proibições da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a marcas consideradas impróprias, a prática de substituir azeite por óleo ainda é comum em estabelecimentos, segundo especialistas.
O problema vai além do sabor. A azeitóloga Ana Beloto explica que o azeite de qualidade traz benefícios à saúde, como redução do colesterol ruim (LDL), aumento do colesterol bom (HDL) e ação antioxidante e anti-inflamatória. Já os produtos adulterados podem ter menos nutrientes, conter substâncias indesejadas — até tóxicas — e causar alergias ou reações adversas.
O que está em jogo
Pesquisas recentes e fiscalizações do Ministério da Agricultura apontam que o azeite – principalmente o importado e extravirgem – é um dos alimentos mais falsificados no país em 2024, mais de 112 mil litros foram apreendidos, resultando em prejuízos de cerca de R$ 8,1 milhões aos fraudadores.
🧪 Como ocorrem as fraudes
- Diluição com óleos mais baratos
Mistura de azeite com óleo de soja, girassol ou canola — muitas vezes com aromatizantes para mascarar sabor e cheiro - Fraude na classificação
Tipos inferiores (como azeite lampante) são rotulados como extravirgem, mesmo sem autorização nem atributos sensoriais compatíveis - Adição de substâncias desconhecidas
Óleos não divulgados, corantes ou conservantes sem controle sanitário podem estar presentes, comprometendo a segurança alimentar
🩺 Impactos para a saúde
- Engano ao consumir: o consumidor não obtém os benefícios reconhecidos do azeite de oliva, como propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.
- Exposição a ingredientes não testados: aditivos não identificados podem causar dores, náuseas, diarreia e intoxicações
- Riscos crônicos: óleos substitutos podem afetar o sistema cardiovascular se consumidos em excesso, como historicamente ocorreu com o óleo de couza
🛡️ Prevenção na prateleira
- Preço baixo é alerta: azeites extravirgem genuínos têm custo elevado. Ofertas “bom demais para ser verdade” devem ser evitadas
- Evite a granel: produtos a granel têm controle sanitário mínimo e maior risco de contaminação
- Rótulo transparente: verifique certificação do Mapa, país de origem, data de envase e acidez. Preferencialmente, escolha embalagens opacas, que protegem o azeite da luz
- Teste sensorial simples em casa:
- Aroma: aqueça um pouco nas mãos e sinta cheiro de azeitonas frescas, ervas ou frutas.
- Sabor: prove e note se há características frutadas, amargas e picantes, típicas do extravirgem
🕵️ O papel da fiscalização
Agências como Mapa, Anvisa e Receita Federal têm intensificado controles. Em 2024, 12 marcas foram retiradas do mercado por contaminação.
O consumidor também é parte ativa: denúncias via Fala.BR ajudam a barrar a venda de produtos irregulares.
📝 Para refletir
“É relativamente fácil falsificar azeite sem que o consumidor perceba, pois os adulterantes não alteram sensorialmente o produto” — alerta o médico sanitarista Gonzalo Vecina.
Diante disso, escolher marcas confiáveis e manter olho atento ao rótulo e ao comportamento do produto nas suas receitas é essencial para garantir saúde, sabor e autenticidade na sua mesa.
📸 Legenda editorial
Mesa em risco: garrafa de azeite rotulada como “extra virgem” tem chance de conter óleos não revelados — uma fraude comum que compromete sabor, nutrientes e pode trazer riscos ocultos.
✅ Conclusão
A falsificação do azeite vai além de perda de qualidade: trata-se de uma ameaça à saúde e ao direito do consumidor. Nutrientes genuínos, sabor refinado e efeitos benéficos só são garantidos com produtos certificados — e com vigilância constante. Adote hábitos atentos na compra, apoie a fiscalização e valorize o genuíno. A sobriedade — como na Volph Magazine — exige rigor até nos detalhes do azeite à mesa.