Um celular quebrado. Um cabritinho chamado Sebastião. E uma dose de despretensão que, sem aviso, explodiu em milhões de visualizações. Assim, de forma inusitada, a vida da jovem Gabi Macoff, de 18 anos, foi transformada. Nascida em Juazeiro, na Bahia, mas criada no sítio em Dormentes, Pernambuco, ela se tornou um fenômeno digital ao mostrar o que muitos só conhecem nos livros: a beleza genuína e a paz da vida no campo.

Hoje, com quase um milhão de seguidores em seu Instagram e um exército de fãs no TikTok, Gabi reflete sobre a jornada. “Eu nunca pensei que isso poderia ser uma ferramenta de trabalho, que poderia me ajudar ou ajudar minha família. Nunca”, conta, com a voz serena de quem ainda se surpreende com os próprios passos. “Hoje eu entendo como os planos de Deus pra minha vida.”

A Força da Autenticidade

Quem acompanha Gabi Macoff nas redes percebe de imediato: o carisma não é fabricado. Ele emana de uma naturalidade que é a sua marca registrada. Filha de agricultores, ela cresceu em meio à natureza, aos animais e aos valores que hoje defende em cada vídeo. “Sempre tentei transparecer quem eu sou. Ser transparente, sem querer enfeitar muito nada”, explica.

Essa essência foi o motor de sua ascensão. A garota que, aos 15 anos, deixou a roça para estudar em Petrolina, é a mesma que, a cada final de semana, corria de volta para casa. A paixão pelos estudos a levou a concluir o curso técnico em Química, mas a paixão pela vida no sítio a trouxe de volta. “Eu sou essa menina aí dos vídeos”, ela garante. E o público, que se identifica com sua leveza e humor, acredita.

O Salto para o Mundo Digital

A pandemia, que isolou tantos, foi o momento em que Gabi se conectou com o mundo. Sem grandes expectativas, postou um vídeo no TikTok com seu cabritinho Sebastião. “Nem sabia que outras pessoas podiam ver”, confessa. No dia seguinte, a surpresa: seu celular travado com notificações, e o vídeo já tinha batido um milhão de visualizações. O que era um susto virou rotina.

Em pouco tempo, o sucesso migrou para o Instagram, onde ela acumulou 850 mil seguidores. E os comentários que chegavam eram mais que likes: eram histórias. “Muita gente dizia que se sentia feliz vendo meus vídeos, que lembrava da infância, que se inspirava por eu ser tão nova e mostrar a vida do sítio com orgulho”, revela Gabi. Sua jornada se tornava um espelho para quem busca simplicidade em um mundo de complexidade.

Apesar das sugestões para mudar o conteúdo para algo mais “instagramável”, Gabi resiste. “Eu sou muito de pensar antes de ir junto”, diz, mostrando uma maturidade que a protege da pressão por tendências. Ela assume que já se questionou, mas jamais pensou em ser outra pessoa.

Do Medo à Gratidão

Apesar de sua desenvoltura atual, Gabi foi uma criança extremamente tímida. “Quando ouvia uma moto chegando, eu corria pra dentro de casa”, lembra. A internet se tornou o canal para expressar o que sentia, o que pensava, o que escrevia em seus cordéis. E, com a fama, veio a responsabilidade e, inevitavelmente, as críticas. “No começo me fazia muito mal”, confessa. Mas com o tempo, ela aprendeu a se proteger. “Hoje, quando vem alguma crítica, eu lembro: quem é que tu é? Tu conhece teu coração.”

A fama, no entanto, não a tirou do chão. Gabi continua a mesma menina do sítio, que continua tratando a todos com igualdade. Ela presenteou o pai com um relógio, fruto do seu trabalho na internet, e os pais, que no começo não entendiam nada, hoje se orgulham. “Minha mãe brinca que os seguidores gostam mais dela. E meu pai adora ler os comentários depois”, conta, rindo.

Com planos de cursar uma faculdade e construir uma base fora da instabilidade da internet, Gabi não pensa em abandonar a criação de conteúdo. “Eu gosto demais disso. Me encontrei aqui”, afirma. Para seus seguidores, a mensagem é direta e cheia de carinho: “Sou muito grata. Eu tento levar sempre o melhor que eu tenho.”

E para aqueles que se conectam com a paz que ela irradia, Gabi resume seu propósito de forma simples: “Eu só queria que todo mundo sentisse essa paz que eu sinto no sítio. É uma coisa que não dá pra explicar. Só vivendo mesmo.”