Pantanal em Chamas: 40 anos de fogo consumiram área equivalente a 90 mil campos de futebol

Um retrato alarmante do Pantanal

Dados do MapBiomas indicam que entre 1985 e 2024, o Pantanal teve cerca de 59 % de seu território atingido pelo fogo pelo menos uma vez — o maior percentual entre os biomas brasileiros. No município de Corumbá (MS), epicentro das chamas nos últimos 40 anos, foram consumidos mais de 3,8 milhões de hectares — aproximadamente o tamanho da Guiné‑Bissau .

A reportagem de 24 de junho de 2025 aponta que o fogo já consumiu área equivalente a 90 mil campos de futebol, número que reforça a emergência ambiental no coração do bioma .


🌡️ O que alimenta esse incêndio sem fim

  1. Seca extrema e alteração do ciclo hídrico
    Os últimos anos foram marcados por recessões históricas nos rios da Bacia do Alto Paraguai. Menos água, solo ressecado e vegetação com combustível abundante tornaram o Pantanal altamente vulnerável.
  2. Uso controlado do fogo que sai do controle
    Prática tradicional no manejo de pastagens, essa queimada virou ameaça quando executada durante a estiagem. A vegetação campestre, dominante no Pantanal, oferece pouca resistência ao fogo .
  3. Fatores climáticos intensificados
    Ventos fortes, alta temperatura e baixa umidade aceleram a propagação das chamas. Em 2024, mais de 760 mil hectares arderam até julho, com até 40 km/h de vento em alguns eventos .

🚨 Impactos visíveis e invisíveis

  • Destruição ecológica: devastação de vegetação nativa, perda acelerada da fauna pantaneira — incluindo onças, jacarés e aves — e ameaça aos estoques hídricos essenciais.
  • Saúde pública: corredores urbanos como Corumbá registram quadros de intoxicação por inalação de fumaça – populações vulneráveis, como crianças e idosos, são as mais afetadas.
  • Comunidades tradicionais fragilizadas: agricultores relataram problemas respiratórios agudos e interrupção das atividades econômicas durante as chamas.

👩‍🚒 Brigadistas e estratégias de contenção

Brigadistas locais, como no assentamento São Gabriel do Pantanal, atuam “dia e noite” na prontidão para conter incêndios com aceiros, bombas‑costas e monitoramento por aplicativo. O trabalho muitas vezes é voluntário e arriscado, como descreve a líder Vera Lúcia Batista: “a vida do brigadista é assim… dia e noite aguardando”


🌐 Resposta institucional

  • Governos estaduais, como de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, reforçaram operações e proibiram queimada controlada na estiagem
  • Instalação de sala interministerial, com Ibama, ICMBio e Forças Armadas, focada na coordenação de ações em todo o bioma
  • Aumento de multas pesadas, inclusive acionando responsáveis por ignições através da venda de multas milionárias a fazendeiros e empresas ferroviárias .

💬 O que dizem os especialistas

Segundo Ane Alencar (MapBiomas), a vegetação pantaneira favorece a propagação rápida das chamas. “Está muito seco e qualquer fogo pode virar um grande incêndio”


📸 Legenda para edição

Pantanal em brasas: labaredas avançam sobre áreas naturais. As queimadas têm origem em clima seco, pressão do agronegócio e manejo descontrolado do fogo — resultado: um alerta nacional por proteção há décadas.


Conclusão

O Pantanal vive uma crise crônica: marcada por seca acentuada, práticas humanas imprudentes e regimes climáticos variáveis. Os brigadistas atuam no limite, e a resposta governamental está em expansão — mas a urgência permanece. Em uma das regiões mais distintas da biodiversidade mundial, é fundamental reforçar prevenção, fiscalização, educação ambiental e apoio às comunidades locais. A Volph Magazine reafirma seu compromisso com narrativas que unem ciência, justiça ambiental e protagonismo regional. É hora de olhar o Pantanal não como território distante, mas como responsabilidade coletiva.

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