Com a chegada do inverno, período mais seco do ano, a paisagem da capital paulista ganhou toques coloridos com o desabrochar das flores dos ipês. A florada dura em média uma semana, porém esse curto período confere charme e beleza a São Paulo.
Segundo a engenheira agrônoma Giuliana Del Nero Velasco, pesquisadora no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), três fatores influenciam a florada:
- disponibilidade de água;
- temperatura;
- fotoperíodo (duração do dia em relação à noite).
“Ipês são plantas de dias curtos, florescendo preferencialmente no outono e no inverno. A floração sofre interferência, principalmente do período de seca. A menor disponibilidade de água faz com que a planta aumente a produção de flores como tentativa de garantir a manutenção da espécie. Invernos mais secos refletem em floradas mais abundantes”, explica a engenheira agrônoma.
Antes de florir, o ipê perde todas as suas folhas para reservar energia e inicia a florada que é a fase de reprodução da planta. Quanto mais seco for o inverno, maior a quantidade de flores a transformar a paisagem da cidade.
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A capital completou nesta sexta-feira (21) 25 dias sem precipitação significativa, além dos baixos índices de umidade do ar, segundo dados do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da prefeitura.
Ainda nesta sexta, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um aviso de baixa umidade, classificado como “perigo potencial”, para São Paulo. De acordo com o alerta, a umidade relativa do ar está variando entre 30% e 20%.
Isto é, a incidência baixa de chuva e a queda da umidade relativa do ar em São Paulo, registradas nas últimas semanas, são circunstâncias ideias para o desabrochar das flores dos ipês.
Várias espécies são encontradas na cidade São Paulo. O ipê roxo da espécie Tabebuia impetiginosa, também conhecido como ipê-roxo-bola, é o primeiro a florescer na cidade. Apesar do nome, as flores têm, na verdade, a coloração rosa bem forte.
Normalmente, na sequência, desabrocham as flores dos ipês amarelo e branco, e por último do ipê-de-El-Salvador, que tem uma tonalidade rosa-clara. Entretanto, a pesquisadora IPT pontua que não é possível informar com precisão o mês da florada de cada espécie, e a ordem pode mudar dependendo da intensidade do período seco.
Os eventos climáticos extremos que o país enfrenta, como as chuvas prolongadas e de grandes volumes ou as sucessivas ondas de calor, também tem influenciado o ciclo natural das árvores, incluindo o período da floração.